Em novo vazamento divulgado nesta quinta-feira (1) pela Folha de S. Paulo, a partir dos materiais obtidos pelo The Intercept Brasil, Deltan Dallagnol, procurador da Lava Jato, estimulou colegas em Brasília (DF) e Curitiba (PR) a promoverem investigações contra o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
À época, ele era visto como um adversário que impedia o avanço da Lava Jato após soltar Paulo Bernardo, ex-ministro petista, logo após sua prisão pelo braço da operação em São Paulo (SP). O ministro também votou contra a permanência das investigações da Eletronuclear em Curitiba.
O coordenador da força-tarefa da Lava Jato começou então a buscar informações sobre as finanças de Toffoli e de sua mulher, buscando ligações com empreiteiras envolvidas com a Petrobras, como a OAS.
No entanto, ministros do STF não podem ser investigados por procuradores de primeira instância. Constitucionalmente, eles devem ser investigados apenas com autorização do tribunal e pelo procurador-geral da República.
O interesse de Dallagnol por Toffoli e sua mulher, com quem o ministro dividia um escritório jurídico até 2007, quando assumiu a chefia da Advocacia-Geral da União, também coincide com o momento em que a empreiteira OAS negociava um acordo com a Lava Jato em troca de benefícios aos seus executivos, em julho de 2016.
As mensagens mostram que Dallagnol consultou colegas para buscar informações sobre Toffoli. Dirigiu a Eduardo Pelella, chefe de gabinete de Rodrigo Janot, então procurador-geral da República, perguntas que indicavam interesse na reforma que o ministro fez em sua casa, em Brasília, com participação da OAS.
“Pelella, queria refletir em dados de inteligência para eventualmente alimentar Vcs. Sei que o competente é o PGR rs, mas talvez possa contribuir com Vcs com alguma informação, acessando umas fontes. Vc conseguiria por favor descobrir o endereço do apto do Toffoli que foi reformado?”, diz a mensagem.
Meses depois, em agosto, uma capa da revista Veja trazia a questão da reforma de Toffoli, com base na delação de Léo Pinheiro, sem que nenhum relato por escrito sobre o assunto tivesse sido apresentado pelos advogados da OAS aos procuradores.
À Folha, a Lava Jato disse que “é comum o intercâmbio de informações para verificar, em caráter preliminar, supostos fatos de que o Ministério Público tenha conhecimento”. Eles também dizem que é dever encaminhar informações “sem exceção”.
Leia a íntegra da matéria publicada pela Folha de S. Paulo sobre a investigação de Dallagnol.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira