No dia 31 de julho de 2018 sete integrantes de movimentos populares do campo e da cidade deflagraram a Greve de Fome por Justiça no Supremo Tribunal Federal, em Brasília (DF).
Os grevistas foram: Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA); Luiz Gonzaga, o Gegê, da Central dos Movimentos Populares (CMP); Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico, todos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); e Leonardo Soares, militante do Levante Popular da Juventude.
O protesto durou 26 dias -- de 31 de julho a 25 de agosto --, no Centro Cultural de Brasília (CCB), e denunciou a volta da fome e o abandono dos mais pobres, o aumento da violência que ataca, sobretudo, mulheres, jovens, negros e LGBTs, a situação da saúde pública, os desmontes das conquistas dos trabalhadores, entre outras pontos expostos em manifesto divulgado.
Entre as principais reivindicações estava o pedido para que Cármen Lúcia inclua, então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), incluisse a Ação Declaratória de Constitucionalidade 54 (ADC) na pauta de julgamentos do Supremo Tribunal Federal.
A ADC, apresentada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), pedia a revisão da orientação do STF que definiu serem constitucionais as prisões a partir de condenação em segunda instância, quando ainda há possibilidade de apresentar recursos e o acusado pode, portanto, ter sua inocência decretada pela Justiça.
Os grevistas receberam mais de 500 cartas de apoio, além da visita de diferentes delegações e representações de movimentos populares. Artistas também lançaram campanha de solidariedade ao protesto.
Protesto pacífico
O frei Sérgio Görgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), já havia participado de outros quatro protestos dessa natureza. O último deles contra a reforma da Previdência, no final de 2017.
A greve de fome, tipo de protesto pacífico que pode comprometer a saúde do manifestante, foi acompanhada de perto por profissionais da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMMP).
Esse tipo de protesto é antigo e já foi praticado diversas vezes, geralmente associado a reivindicações políticas. O indiano Mahatma Gandhi (1869-1948) foi um dos líderes a usar desse artifício por mais de uma vez.
No Brasil, uma das greves de fome mais famosas ocorreu em 1979, quando presos políticos protestaram por 32 dias, até a aprovação da Lei de Anistia.
Edição: Rodrigo Chagas