EDUCAÇÃO NO CAMPO

"Nossa condição esperança é por pura teimosia", diz militante do MMC

Edcleide falou da educação do campo como resistência e superação no 8° Encontro Estadual de Educação do Campo em Alagoas

Brasil de Fato | Palmeira dos Índios (AL) |
Aos 28 anos, Edcleide percorreu todas as etapas de sua formação através das ações afirmativas da educação no campo
Aos 28 anos, Edcleide percorreu todas as etapas de sua formação através das ações afirmativas da educação no campo - Foto: Marcos Corbari

Ao final do primeiro turno de atividades do VIII Encontro Estadual de Educação no Campo, realizado no Campus III da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), em Palmeira dos Índios, nessa sexta-feira, 26, a militante do Movimento das mulheres Camponesas (MMC) Edcleide da Rocha, foi chamada ao palco para dar seu testemunho de resistência e superação. A fala da jovem camponesa foi aplaudida pelos presentes, que estavam reunidos sob a o desafio “da urgência de esperançar na ótica Freireana”, tema do qual partiram as mesas temáticas, debates e oficinas.

- Nós aqui presentes nesse Encontro temos que no movimento da esperança e herança freiriana ser resistência e rebeldia, contra a educação bancária -, falou ao criticar o imposição de um modelo educacional enquadrado. Para ela é preciso trazer para todas e todos o reencontro com a educação do oprimido, proposta por Freire no na sua Pedagogia da Esperança: “Nós somos esperançosos e esperançosas enquanto uma categoria ontológica do ser social que somos, seres políticos”. Na interpretação da jovem, esse esperançar é sinônimo de resistência: “Nossa condição esperança é por pura teimosia, pela teimosia que temos todos os dias ao encarar esse sistema que nos oprime e que diz que nós não podemos ter acesso à educação, que não temos direito à educação e que nós não temos que ocupar os espaços que ocupamos”. 

Aos 28 anos, Edcleide percorreu todas as etapas de sua formação através das ações afirmativas da educação no campo. Ainda adolescente tornou-se professora popular nas escolas itinerantes, tendo inclusive sido alfabetizadora de muitos de seus amigos e familiares. Graduada mais tarde pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) em Filosofia e pós graduada em Educação, há cerca de um mês defendeu com sucesso sua dissertação de Mestrado.

Na rápida participação no evento, promovido pelo Fórum Estadual Permanente de Educação do Campo de Alagoas, vestida com a camiseta do seu movimento social e “abençoada” pelo olhar emocionado do professor José Raildo - que a acompanha desde a juventude, nos tempos de escola itinerante e passou carinhosamente a chamar de “filha” durante seu percurso de formação -, Edcleide arrematou: “É contra tudo isso, contra esse sistema de opressão e por essa teimosia que sou, assim como Raildo já disse, essa semente que veio da educação do campo: acampada, assentada, descendente indígena e hoje “mestrada” pela Universidade federal de Alagoas”. De resto, ficou o aplauso empolgado dos presentes acolhendo a história da qual muitos foram testemunhas ao longo dos últimos anos.

Edição: Marcelo Ferreira