A Polícia Federal informou que prendeu nesta terça-feira (23) quatro suspeitos de terem invadido os celulares do ministro da Justiça, Sergio Moro, e do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato. Os mandados de prisão foram expedidos no âmbito da “Operação Spoofing”, nome que faz referência a falsificações tecnológicas para enganar redes de computadores.
Essas prisões ocorrem depois de vazamentos de diálogos entre Moro e Dallagnol, e também entre outros procuradores da operação Lava Jato, que vêm sendo divulgados pelo site The Intercept desde 9 de junho. Os vazamentos não deixam dúvidas de que houve conluio entre Moro, Dallagnol e outros procuradores, para prejudicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso político na sede da PF em Curitiba.
O jornal O Estado de S. Paulo informou que a PF cumpriu quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão em São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto (as duas últimas no interior paulista), com ação determinada pela 10ª Vara Federal de Brasília. O jornal também classifica o relacionamento entre Moro e os procuradores para conduzir as investigações como “suposto conluio”, e que Moro e os procuradores não reconhecem a autenticidade das mensagens a eles atribuídas. Mas até agora, por conta das forte evidências nos vazamentos do Intercept, pouco se falou em “suposições”, sendo que a autenticidade tem sido confirmada em diversos aspectos.
Também nesta terça, a coluna da jornalista Monica Bergamo, na Folha de S.Paulo, traz o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso confirmando que teve de fato um jantar em que participaram Moro e Dallagnol, em 2016, conforme um dos diálogos revelados pelo Intercept.
A autenticidade dos vazamentos foi objeto de matéria veiculada pelo próprio site, na segunda-feira da semana passada, dia 15: “Tanto a força-tarefa quanto o ministro Moro responderam negando qualquer impropriedade, mas não contestaram – e implicitamente confirmaram – a veracidade do material publicado. Eles dizem “não reconhecer a autenticidade”, o que é diferente de dizer que os chats são falsos. Eles jamais apontaram uma frase sequer que teria sido, segundo eles, inventada ou adulterada”.
Edição: RBA