A notícia do encerramento das atividades da Petrobras no Edifício Novo Cavaleiros (Edinc) até 2020, em Macaé (RJ), no último dia 8, foi recebida com surpresa pelos 1,7 mil profissionais que atuam no prédio, assim como pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF).
Tezeu Bezerra, coordenador do Sindipetro-NF, que ficou sabendo da decisão da Petrobras a partir de uma repórter da Agência Reuters que o contatou para repercutir o caso, conta que a ação faz parte da política de “desinvestimento” que já vem em curso desde o governo de Michel Temer (MDB) e se intensificou durante a gestão de Jair Bolsonaro (PSL).
“Vai mexer com 1,7 mil trabalhadores no período de menos de um ano e meio, e o impacto na vida daquelas pessoas não está sendo conversado nem com os gestores locais de Recursos Humanos, nem os [gestores de RH] nacionais sabiam. Isso faz parte do desmonte da empresa. A Petrobras tem diminuído os investimentos na Bacia de Campos, e o reflexo disso é a quantidade menor de empregos, de atividades da empresa, uma produção menor”, explica Bezerra.
O prédio em Macaé não é o primeiro da Petrobras a fechar as portas. Em fevereiro, a empresa anunciou que desocuparia sete andares alugados para a sede administrativa da petroleira em São Paulo, o Edisp. A estratégia faz parte do plano de negócios 2019/2023 que tem o objetivo de economizar mais de R$100 milhões. Segundo o Sindipetro, cerca de 400 trabalhadores foram afetados com a medida.
No caso do Edinc, a maioria dos profissionais são terceirizados da área de logística, manutenção e operação submarina e setor administrativo. De acordo com Bezerra, a situação de instabilidade e incerteza têm atingido a todos os trabalhadores da Petrobras.
“O impacto é maior sobre os terceirizados, mas a gente não tem garantia para ninguém. Claro que num acordo coletivo a gente consegue manter uma cláusula que proíbe a demissão em massa, mas ela [Petrobras] está querendo tirar do acordo coletivo e a gente sabe quais são as reais intenções, o pano de fundo disso tudo é justificar a privatização da empresa”, ressalta.
Posicionamento
O Brasil de Fato contatou a Petrobras para confirmar a informação do fechamento do edifício em Macaé. Por meio de nota, a assessoria disse que a Petrobras tem feito esforços nos últimos anos para reduzir custos com aluguel de imóveis e que, como parte desse processo, a companhia decidiu encerrar suas atividades no Edinc.
Segundo a assessoria, as pessoas que trabalham no edifício passarão a ocupar outras instalações administrativas da Petrobras na cidade, onde prédios foram reformados para absorver novos postos de trabalho. A Petrobras destacou ainda que a redução dos gastos com prédios administrativos faz parte do Plano de Resiliência da empresa, divulgado em março de 2019.
Edição: Vivian Virissimo