Rosselló veio a público pedir desculpas ao mesmo tempo em que ordenou repressão
As ruas de San Juan, capital de Porto Rico foram completamente tomadas pelos protestos nesta quarta-feira (17), quarto dia de mobilização popular contra o governador Ricardo Rosselló. Com carros de som, megafones e aos gritos, a população pede a renúncia do mandatário, após divulgação de conversas vazadas com comentários homofóbicos, sexistas e com insultos às vítimas mortas pelo furacão Maria.
As conversas eram feitas em grupos de bate papo do aplicativo Telegram onde reunia seus principais secretários e assessores. Os alvos eram jornalistas, políticos da oposição e de sua base de apoio e celebridades como o cantor porto-riquenho Rick Martin. Todos foram atacados pelos comentários maldosos e discriminatórios do governador.
Porto Rico é uma ilha no Caribe com população de aproximadamente 3,4 milhões de habitantes e que originalmente era habitado pelos povos Taíno. Foi colônia espanhola até 1898, quando foi incorporada como território dependente dos Estados Unidos da América (EUA).
Pelo fato de não ser um estado, Porto Rico não tem representação no parlamento estadunidense nem vota para presidente. Essa situação tem gerado um nível crescente de descontentamento na população que vê o aumento do desemprego e pobreza numa economia que segue estagnada há mais de uma década. Recentemente a ilha foi devastada pelo furacão Maria e teve negada a ajuda para a reconstrução pelo presidente Donald Trump.
As mobilizações atuais são apenas uma gota d’água que transbordou num copo cheio de contradições. As questões políticas e sociais são a base das discussões daqueles que exigem a mudança no status da ilha. Uma parte quer se tornar mais um estado com todos os direitos e deveres e outra luta para se tornar um país soberano independente dos Estados Unidos.
O governardor Rosselló veio a público pedir desculpas ao mesmo tempo em que ordenou a polícia reprimir os manifestantes. Mas tudo indica que o povo segue nas ruas, principalmente porque agora se junta às mobilizações outra celebridade: a banda Calle 13.
Edição: Vivian Virissimo