A nova diretoria da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) tomou posse na tarde desta segunda-feira (15) na sede da instituição no centro do Rio de Janeiro. Durante o evento foi anunciada a filiação do jornalista Glenn Greenwald à centenária organização.
O jornalista Marcelo Auler, que está à frente da Diretoria de Jornalismo da nova gestão da ABI, explica que a Associação defende a liberdade de imprensa como parte da liberdade de expressão e que o fundador do The Intercept Brasil tem realizado um trabalho que respeita os princípios legais do país.
“A filiação do Glenn é uma forma de garantir que o trabalho dele é o que nós defendemos. O jornalista existe para levar ao conhecimento da opinião pública informações que ele tenha apurado, recebido, seja de que forma for. Se houve crime no vazamento da informação, esse crime não foi cometido pelo jornalista. O Supremo Tribunal Federal já deixou muito claro que o jornalista não tem a obrigação de guardar segredos, sequer sobre documentos judiciais que estão em segredo de justiça. Quando há um vazamento, o crime não é cometido pelo jornalista que divulga o resultado deste trabalho”, conta Auler, duas vezes vencedor do Prêmio Esso nas categorias de Jornalismo e Melhor Contribuição à Imprensa.
O convite da ABI para Glenn veio como uma resposta as sucessivas ameaças que o jornalista tem sofrido após revelar as conversas entre os procuradores da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro que configuram uma manipulação do processo contra o ex-presidente Lula. Durante a cerimônia de posse, o presidente da ABI, Paulo Jerônimo Sousa, conhecido como Pagê, destacou que a Associação junto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) buscará formas efetivas de garantir proteção a toda a equipe do The Intercept Brasil.
Na filiação do jornalista ocorrerá um ato político que ainda não tem data para acontecer. A Associação está aguardando um retorno da agenda de Glenn para organizar a atividade.
A nova gestão da ABI atuará no triênio 2019/2021. Ao todo, sete diretores, sete representantes do Conselho Fiscal e 30 membros efetivos e suplentes do Conselho Consultivo foram empossados. Segundo Auler, o principal objetivo da nova equipe é resgatar o papel histórico de luta política que a organização carrega em seu legado.
“Hoje quando volta a se falar de ditaduras, regimes totalitários e volta-se a fazer perseguições à imprensa e jornalistas, nós sentimos a necessidade de revitalizar a ABI.Queremos que a ABI se insira junto com outras entidades como a OAB, CNBB, Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, Associação Juízes para a Democracia, Ministério Público que tem o seu grupo de defesa da Constituição e do Estado de Direito, nós queremos fazer com que a ABI atue junto com essas entidades para garantir o Estado de Direito no país”, detalha.
Edição: Vivian Virissimo