A Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), localizada no bairro Mucuripe, em Fortaleza, é responsável pela geração de oito mil empregos diretos e indiretos, recolhimento de 8% do ICMS do Ceará e de uma importante fatia do IPTU e ISS de Fortaleza. Mesmo com esses números, a refinaria pode ser colocada à venda pela Petrobras ainda este ano e a sua privatização poderá impactar a economia do estado. A transação faz parte do plano do Governo Federal de retirar investimento da Companhia. O projeto também inclui a venda de outras sete refinarias localizadas nos estados da Bahia, Pernambuco, Amazonas, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná, e redução na participação da BR Distribuidora.
Inaugurada em 1966, a LUBNOR é a única refinaria brasileira a processar um tipo específico de petróleo, o naftênico, extraído somente nos estados do Ceará e Espírito Santo. A produção na refinaria cearense é especializada, gerando mercadorias para uso nobre como, isolante térmico para transformadores de alta voltagem, amortecedores para veículos e equipamentos pneumáticos. A LUBNOR é também uma das líderes nacionais na produção de asfalto, sendo responsável pelo abastecimento de todos os estados do Nordeste. Tem uma fabricação anual de 73 mil metros cúbicos de lubrificantes naftênicos e 235 mil toneladas/ano de asfalto, correspondente a 13% da produção nacional.
Uma preocupação do presidente do Sindicato dos Petroleiros do Ceará e Piauí (Sindipetro CE/PI), Jorge de Oliveira, é o aumento do preço do combustível no Nordeste, “A Petrobras está transformando as regiões em monopólios privados, e eles que vão determinar o valor, se eu estou com o custo alto, o preço no Nordeste vai lá pra cima.” Salientou que, para o estado do Ceará, o cenário pode ser ainda pior devido a distância entre este e as grandes refinarias de combustível. Para ele, um dos papeis estratégicos da Petrobras é conseguir equilibrar os preços nacionalmente e não ficar dependente da flutuação do preço internacional do petróleo, “A Petrobras tem a missão de abastecer o país e manter um nível de preço que a gente possa pagar, se a gente ficar a preços internacionais, nós vamos sofrer muito.”
Cenário Nacional
O ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, atentou para a importância dos derivados do petróleo no nosso dia a dia, “tudo que a gente vê, ou tem petróleo na sua composição ou foi usado no seu transporte”, ressaltando a importância do setor para o desenvolvimento nacional, relembrou que a descoberta e extração de petróleo no pré-sal gerou um salto na produção petroleira brasileira, mas também colocou o país como alvo de ingerência estrangeira pelo controle das reservas do minério. Para Gabrielli, “O controle do acesso ao petróleo é estratégico, por isso tem sido motivo de guerra, espionagem, corrupção”. Foi crítico à mudança na política da principal empresa petrolífera do Brasil, “O que mais cresce no mundo é o refino do petróleo, não é a produção. A Petrobras está indo na contramão das empresas mais fortes do mundo, onde a tendência é a integração da produção e refino”.
Edição: Monyse Ravena