Um a cada seis idosos já foi vítima de algum tipo de abuso, diz OMS
O Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006, e comemorada em 15 de junho, nos alerta para a necessidade da reflexão cada vez mais urgente. O Brasil está envelhecendo e necessita superar inúmeros desafios.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de brasileiros e brasileiras com mais de 60 anos superou os 30 milhões em 2017, sendo 56% desse total mulheres e 44% homens. Para 2031, a previsão é de que o Brasil terá mais idosos do que crianças e adolescentes de até 14 anos.
O relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017 indica que um a cada seis idosos é vítima de algum tipo de violência em todo o mundo. Segundo esse mesmo estudo, 16% das pessoas com mais de 60 anos já sofreram algum tipo de abuso.
No Repórter SUS, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), Daniel Groisman, professor e pesquisador da instituição, fala sobre os tipos de violências a que está submetida essa população.
“Talvez o tipo de violência mais evidente seja a violência física, que pode acontecer no espaço público, quando a pessoa recebe um empurrão ou outro tipo de agressão, no transporte público. No âmbito doméstico, às vezes ocorre com pessoas que são dependentes de cuidados”, cita Groisman, que é coordenador do curso de Qualificação Profissional no Cuidado à Pessoa Idosa ofertado pela EPSJV desde 2007.
A violência moral ou psicológica, que vai de xingamentos, ameaças, coações ou até desqualificações, é outro tipo responsável por produzir, segundo o pesquisador da Fiocruz, diversos danos e abalos na autoestima e saúde mental.
A população idosa tem sido vítima também de golpes financeiros envolvendo empréstimos consignados, compras abusivas até o confisco do cartão de aposentadoria.
Já o abuso sexual é uma violência mais complexa de ser identificada, por ocorrerem, segundo ele em espaços institucionais ou dentro de casa. “É importante que na suspeita de ocorrências desse tipo, as pessoas relatem, notifiquem aos serviços e autoridades”, orienta.
Groisman alerta que não há uma rede de cuidados preparada para acolher esse segmento, no entanto ele aponta a prevenção como a melhor forma de combater as diversas formas de violência, por meio de políticas públicas e orientação às famílias para cuidar de seus idosos.
Edição: Cecília Figueiredo/ Saúde Popular