GDA italiano não traz alertas ou informações para a compreensão do consumidor
A discussão sobre a rotulagem nas embalagens de alimentos foi iniciada em 2014, com questionamentos da Agência Nacional de Vigilância em Saúde, a Anvisa.
Nos últimos anos, os governos de vários estados e municípios têm discutido ações para tentar conter os índices de obesidade e de doenças associadas a ela: câncer, diabetes e hipertensão. Porém, passados cinco anos, a discussão parece estar longe de ser superada. Um problema para a saúde pública e o interesse público.
O jornalista João Peres, editor do site O Joio e o Trigo, veículo dedicado a temas relacionados à indústria de alimentos e seus conflitos de interesse com a saúde pública, esclarece no Repórter SUS, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), a urgência do Estado brasileiro adotar medidas regulatórias.
“A mudança na rotulagem, com a adoção de um símbolo frontal na embalagem [de alimentos] foi uma das medidas adotadas pelos governos [de outros países]”, diz Peres.
Segundo ele, o Chile foi o primeiro país, em 2016, a adotar alertas na parte frontal do rótulo e de maneira obrigatória. Peru e Uruguai seguiram o mesmo modelo, e o Canadá está em processo de adoção.
Em declarações recentes, o ministro Luiz Henrique Mandetta defendeu o modelo de rotulagem conhecido como “GDA italiano”, em que as informações sobre os ítens da tabela nutricional são copiadas para a frente, sem nenhum alerta que facilite a compreensão e o uso da informação pelos consumidores.
Toda a evidência científica que há sobre o “GDA”, um símbolo que foi criado no Reino Unido, na década passada, ressalta o jornalista, é de o modelo não funciona. “A questão da rotulagem tem que ser parte de uma agenda muito maior. No Chile, por exemplo, além da questão dos alertas, os produtos que exibem esses sinais não podem ser comercializados no ambiente escolar e não podem ter publicidade na tevê, entre 6 horas da manhã e 10 horas da noite”, cita.
Em sua opinião, trata-se de uma agenda que o Estado deve priorizar com urgência, em razão de mortes e prejuízo à qualidade de vida. “Os custos relacionados à obesidade são crescentes no sistema de saúde e não fazer nada, custa muito mais caro”, conclui.
Edição: Cecília Figueiredo/ Saúde Popular