“Nós, periféricas e periféricos, não somos feitos só de anonimato, trabalho e violência. Somos muitas coisas mais. Nosso teatro é só mais uma delas”, diz a descrição do financiamento coletivo promovido pelo grupo de teatro Rosas Periféricas para viabilizar a apresentação de seu espetáculo “Labirinto Selvático” no Festival Internacional de Teatro em Setúbal, Portugal.
Oriundo do Parque São Rafael, no extremo sudeste da cidade e em atividade desde 2009, o grupo começou ensaiando em praças, escolas, espaços concedidos e na casa de uma integrante do grupo. Logo, perceberam que precisavam contar as histórias das pessoas do bairro: "ver no colega de cena e também no espectador o mesmo rosto familiar” para cativar um público periférico que não tem o costume de atravessar a cidade para ir ao teatro", explica o texto da vaquinha virtual.
"A gente sempre toca nas questões do machismo, do racismo, do preconceito, do que é ser um sujeito periférico e dos problemas que a gente enfrenta da ponte pra cá", diz Michele Araújo, que é produtora e atriz do grupo. “Nós acreditamos na arte como um meio de transformação. Assim como ela transformou nossas vidas, ela pode transformar a vida de outras pessoas. Então [o festival] vai ser também uma questão de visibilizar a arte periférica”, diz ela.
Apesar das dificuldades que se colocam para um grupo que, como a própria descrição diz, não pertence “ao circuito de grupos de teatro de artistas conhecidos pela grande mídia, nem de formados pela Escola de Arte Dramática da USP”, o Rosas Periféricas conseguiu vencer um concurso promovido pela Associação de Teatro Estúdio Fonte Nova, e agora terá a oportunidade de encenar um de seus espetáculos em um grande evento internacional.
"A gente começou a vender rifas, vamos fazer uma festa junina para levantar recursos e estamos fazendo esse financiamento coletivo. São oito pessoas. Quatro passagens os atores e atrizes vão pagar de recursos próprios. O financiamento coletivo vai pagar essas quatro outras passagens", explica ela. Para custear o restante do transporte, o grupo está pedindo R$ 16 mil reais, com recompensas como oficinas, vídeos de agradecimentos para quem ajudar.
Para colaborar, acesse a página de Catarse do Rosas Periféricas.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira