Alvo de uma denúncia na qual é acusado de renovar um contrato com uma empresa de publicidade e realizar o procedimento sem licitação, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), faltou, na última quarta-feira (5), à audiência em que seria ouvido pela Câmara dos Vereadores, no processo de impeachment.
Sem o depoimento de Crivella, o processo pode tomar novos rumos, segundo o vereador Reimont (PT), que conversou com o Brasil de Fato logo após o término da reunião com a comissão do impeachment na Câmara. O parlamentar disse, ainda, que o prefeito perdeu a oportunidade de dar sua versão.
“Crivella está em seu direito de não comparecer, mas isso é muito ruim porque é preciso mostrar a cara e dizer as razões que ele tem para ir contra o impeachment. Ele perdeu uma grande oportunidade de dizer que é inocente nesse processo. Com isso, as investigações podem ocorrer de maneira diferente”, explicou Reimont.
Após a ausência de Crivella, a comissão, composta pelos vereadores Willian Coelho (MDB), Paulo Messina (PRB) e Luiz Carlos Ramos Filho (Podemos), encerrou a chamada fase de instrução, quando são ouvidas as testemunhas. A expectativa é que a apresentação e votação do relatório final pelo plenário aconteça no próximo dia 27.
Para Luiz Carlos Ramos Filho, relator da comissão, a falta de Crivella não influencia o resultado final do processo. Segundo o vereador, o relatório está sendo construído com base no que foi dito pelas testemunhas e nas provas documentais que estão sendo objeto de análise pelo colegiado que analisa a denúncia.
Promoção
Também nesta quarta-feira (6), o Diário Oficial do Município publicou a promoção da servidora Dalila de Brito Ferreira para um cargo na Coordenadoria de Licença e Fiscalização, na Secretaria de Fazenda. Em depoimento na comissão do impeachment, Dalila defendeu o ato de Crivella de prorrogar o contrato que originou a denúncia.
Segundo o vereador Reimont, a nomeação é “uma grande gafe” cometida pelo prefeito. “Não coloco em xeque o profissionalismo da servidora, mas Crivella sinaliza que está fazendo de tudo para se livrar do impeachment”.
Para Reimont, a nomeação e promoção de quem o defendeu contra o processo é sinal de que o impeachment não está morto, conforme disse Crivella na semana passada. “O prefeito está errado. O impeachment não morreu, está mais vivo do que nunca e será votado pelo plenário no dia 27 de junho”.
A denúncia contra Crivella foi apresentada à Câmara no final de março pelo fiscal da Secretaria de Fazenda, Fernando Lyra, Reys. No documento, o servidor acusa o prefeito de crime de responsabilidade por renovar contratos de publicidade com duas empresas sem licitação, em dezembro do ano passado. o prejuízo gerado aos cofres públicos foi de R$ 20 milhões, segundo o pedido de impeachment.
Edição: Mariana Pitasse