O deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL) será alvo de uma sindicância da Prefeitura de Mesquita, município da região metropolitana do Rio de Janeiro. A investigação, divulgada pelo jornal O Globo, se refere à suspeita de Amorim ter sido funcionário fantasma no cargo de Subsecretário Adjunto de Governo e Planejamento do município, entre os anos de 2015 e 2016. Na mesma época em que assumiu o cargo em Mesquita, o deputado atuava na Câmara Municipal do Rio como auxiliar do então vereador Jimmy Pereira (PRTB). Distante mais de 40 km, o trajeto de carro entre a Prefeitura de Mesquita e a Câmara do Rio dura cerca de uma hora.
O advogado, de 40 anos, foi eleito para o primeiro mandato, em 2018, como o deputado estadual mais votado no Rio de Janeiro, com 140.666 votos. Durante as eleições, teve apoio da família Bolsonaro e do atual governador Wilson Witzel (PSC). O parlamentar ficou conhecido nacionalmente justamente no período eleitoral por quebrar uma placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco em comício de campanha, ao lado de Witzel.
Procurada pelo Brasil de Fato, a assessoria de Amorim negou irregularidades no acúmulo de funções no Executivo e informou que o cargo em Mesquita, de “assessor especial” e de “livre nomeação”, teve caráter técnico e não exigia dedicação exclusiva. A assessoria afirmou ainda que a investigação é parte de uma “perseguição política”.
“A 'sindicância' informada pela Prefeitura de Mesquita seguramente não resultará em absolutamente nenhuma sanção, sendo nitidamente uma perseguição política do atual prefeito, afastado em 2017 do cargo pela Justiça sob acusação de desvio de R$ 28 milhões”, disse em nota.
Como Subsecretário Adjunto de Governo e Planejamento de Mesquita, entre 2015 e 2016, Rodrigo Amorim tinha salário base de R$ 2.880 e carga horária de 40h semanais. Seu perfil no site da Alerj não detalha que no mesmo período tinha sido nomeado para outro cargo na Câmara do Rio.
O deputado também esteve nomeado, durante nove meses, em cargos comissionados em duas cidades diferentes entre 2011 e 2012. Na Prefeitura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi assessor de gabinete da Secretaria de Saúde. Ao mesmo tempo que em Teresópolis, na Região Serrana, assumiu o cargo de assessor especial da Secretaria de Esporte e Lazer. A cidade fica mais de 100 quilômetros distante de Nova Iguaçu.
Procurada via Lei de Acesso à Informação, a Câmara Municipal do Rio não atendeu o questionamento da reportagem até o fechamento da matéria.
Edição: Mariana Pitasse