Há muitos anos não se via um maio tão luminoso. Há quem lembre até o maio libertário de 1968. Seja como for, este mês se apresenta muito promissor com o raio que projeta sobre as trevas tão espessas de 2019. Depois do 1º de Maio, tivemos o megaprotesto do dia 15 e uma nova manifestação nacional está sendo chamada para a quinta-feira 30, o penúltimo dia do mês.
Os atos em 200 cidades em defesa da educação e contra o desmonte da previdência mostraram o caminho, recuperando um velho lema dos anos de chumbo: “O povo na rua/ Enfrenta a ditadura”. Não lidamos aqui, ainda, com um regime ditatorial, mas com um cada vez mais claro estado de exceção que começou a expandir seus domínios logo após o golpe de 2016 e a ascensão do usurpador Michel Temer. E que, com o bolsonarismo, cada vez mais ameaça a frágil democracia que ainda temos.
A sucessão de mobilizações de maio impulsiona o grande acontecimento de junho: a Greve Geral do dia 14, resposta ao mais destrutivo, degradante e perverso governo da história recente da República. A greve, aliás, é nosso tema de capa nesta edição.
Mais importante ainda é que as ruas, ao esbanjarem vigor, alegria e indignação contagiantes, ajudam a romper as bolhas virtuais em que muitos de nós estão enclausurados, trazendo-nos para a vida real. Suas palavras de ordem, cartazes, faixas e refrãos podem também funcionar como um estalar de dedos para despertar da indiferença ou do ceticismo muita gente, hoje decepcionada, que votou ludibriada por mentiras e alimentada por um ódio cego produzido nos subterrâneos da internet.
Chegou a vez das ruas falarem. E, quando elas falam, a turma do poder teme e treme.
Este conteúdo foi originalmente publicado na versão impressa (Edição 15) do Brasil de Fato RS. Confira a edição completa.
Edição: Marcelo Ferreira