A crise econômica disparou o índice de desemprego no país. Segundo o último levantamento divulgado em março deste ano pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de desempregados no Brasil ultrapassou o patamar de 13 milhões. A falta de oportunidade obrigou muitos brasileiros a investirem na informalidade para sobreviver. No estado do Rio de Janeiro, a taxa média anual de desemprego ficou em 15% no ano passado. Desde de 2014, o Rio amarga a primeira colocação como o estado com o maior número de desempregados do país.
De acordo com Paulo Jager, economista e técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos do Rio de Janeiro (DIEESE-RJ), o estado possui particularidades que agravaram a crise econômica local. Jager aponta que problemas desde a queda no preço do petróleo até a operação Lava Jato como fatores chaves para a drástica redução de postos de trabalho.
“Vivemos a partir de 2014, com a queda do preço do petróleo no nível internacional, uma crise no setor de petróleo e gás, que para a economia do Rio de Janeiro é um setor muito importante. Somos dependentes deste setor de atividade econômica, representa uma parte grande do nosso produto. Tivemos o impacto negativo da operação Lava Jato, muitas empresas que atuam no Rio foram atingidas pela operação e isso provocou o fechamento de companhias, demissões e queda no nível de atividades impactando na economia do estado”, explica.
O economista também destaca o momento de boom na construção civil durante os eventos esportivos sediados no Rio como um propulsor de empregos. Segundo ele, muitos trabalhadores não conseguiram mais a reinserção no mercado formal desde o fim dos megaeventos. Para Jager, a crise política que culminou com a prisão de governadores associada às desonerações fiscais indiscriminadas também ajudam a explicar o agravamento do desemprego no estado.
Driblando a crise
A deputada estadual Mônica Francisco (PSOL) que preside a Comissão de Trabalho, Seguridade e Legislação Social na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) destaca que a extrema pobreza no estado cresceu 2,5% e que a faixa mais afetada com a falta de emprego no Rio são as mulheres negras jovens. Segundo a parlamentar, o cooperativismo popular se tornou a principal saída para muitas pessoas.
“A Comissão de Trabalho vem fazendo a prospecção de trabalhadores dentro do campo formal e ‘dito informal’ que é cada vez mais a via de subsistência dessas famílias e que tem ajudado a diminuir os impactos do grave desemprego e da crise econômica do estado do Rio de Janeiro para que possamos construir soluções juntas. Entendo a importância das novas tecnologias e o quanto elas são impulsionadoras dentro da economia criativa, ampliam o mercado, dão visibilidade aos empreendimentos e o quanto precisamos atuar legislando sobre este tema”, relata.
A parlamentar considera um desafio o combate aos altos índice de desemprego na juventude fluminense. De acordo com ela, a estratégia para enfrentar o problema passa também por incentivos fiscais às empresas.
“Pensar em incentivo fiscal, discutir a questão da mobilidade desses jovens para que possam se deslocar para outros locais onde o trabalho pode ser acessado de maneira mais fácil. Fazendo com que as empresas se estabeleçam em áreas dessa região metropolitana, que sejam atraentes e facilitem o desenvolvimento local integrado”, ressalta.
Edição: Vivian Virissimo