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Raio X da desigualdade salarial no futebol brasileiro

Cifras milionárias se concentram na elite dos clubes. No futebol feminino, situação é ainda mais grave

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Os dois finalistas do Brasileirão feminino, Corinthians e Rio Preto, não contam nem com elenco profissional
Os dois finalistas do Brasileirão feminino, Corinthians e Rio Preto, não contam nem com elenco profissional - Foto: Bruno Teixeira/Corinthians Futebol Feminino Oficial

É grande a desigualdade econômica entre os 20 clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro, que iniciou em 27 de abril. A folha de pagamento mensal mais cara é a do Palmeiras, totalizando R$ 8,5 milhões. Supera a soma das seis menores, que fica nos R$ 7,4 milhões: CSA, Avaí, Ceará, Fortaleza, Chapecoense e Goiás.

Entre os gaúchos, o Internacional tem a 5ª folha mais cara do futebol brasileiro, R$ 4,7 milhões. Já o Grêmio, com o 7º maior gasto, desembolsa mensalmente cerca de R$ 4,2 milhões. O levantamento foi divulgado em março, no blog do jornalista Mauro Cezar Pereira, comentarista da ESPN, extraído dos registros dos jogadores no sistema da CBF.

82% ganha salário mínimo

Um dos sonhos do brasileiro para a riqueza é ser jogador de futebol. Pudera, os quatro maiores salários pagos mensalmente no mundo são astronômicos: Neymar do PSG ganha o equivalente a R$ 13 milhões; Griezmann do Atlético de Madrid, R$ 13,9 milhões; Cristiano Ronaldo da Juventus, R$ 19,9 milhões; e Messi do Barcelona, R$ 35 milhões. Jogando no Brasil, o mais bem pago é Ricardo Goulart do Palmeiras, com R$ 3 milhões por mês.

Mas a realidade da maioria é diferente. 82% dos jogadores brasileiros ganham apenas um salário mínimo. Apenas 0,83% dos atletas, os que jogam nas grandes equipes, ganham mais de R$ 50 mil. Os números foram divulgados em 2019 pela Pluri Consultoria.

Por gênero, abismo é ainda maior

As duas equipes finalistas do brasileirão feminino de 2018, Corinthians e Rio Preto, não contam nem com elenco profissional. As atletas corinthianas, campeãs, têm ajuda de custo do clube para saldar a folha de R$ 85 mil por mês. Já as vices dividem R$ 37 mil, pagos pela prefeitura de Rio Preto. Somando, o valor fica abaixo dos R$ 300 mil pagos à equipe com menor orçamento na Série A masculina, o CSA.

Sem carteira assinada

Marta, brasileira eleita seis vezes a melhor do mundo, joga no Orlando Pride, nos Estados Unidos, e recebe cerca de R$ 125 mil mensais. A mais bem paga do mundo é Ada Hegerberg, do Lyon, ganhando R$ 144 mil. Quase nada, comparando com os homens mais bem pagos, mas ainda assim muito distante da realidade de metade das jogadoras mundo afora, que nem mesmo recebem salários, segundo pesquisa do Sindicato Internacional de atletas do futebol (FIFPro).

No Brasil, apenas 8 dos 52 times registrados no Campeonato Brasileiro Feminino têm a maioria das jogadoras registradas com carteira profissional: Inter e Santos na Série A e América-MG, Atlético-MG, Ceará, Chapecoense, Cruzeiro e Grêmio na Série B. Tentando mudar essa realidade, em 2019 passou a ser exigência aos classificados para a Série A do brasileirão, Libertadores e Sul-Americana que os clubes mantenham equipes femininas.


Este conteúdo foi originalmente publicado na versão impressa (Edição 14) do Brasil de Fato RS. Confira a edição completa.  

Edição: Redação RS