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Governo da Venezuela anuncia que pode reabrir fronteira com Brasil

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Governo Maduro acena com possível reabertura da fronteira com Brasil
Governo Maduro acena com possível reabertura da fronteira com Brasil - YURI CORTEZ / AFP
População de Roraima não está satisfeita com posição beligerante de Bolsonaro

A fronteira do Brasil com a Venezuela segue fechada para o tráfego de veículos desde o dia 21 de fevereiro de 2019 por determinação do governo da Venezuela. O fechamento aconteceu após o governo do presidente Jair Bolsonaro anunciar que reconhecia o autoproclamado presidente interino da Venezuela Juan Guiadó. Além disso, Bolsonaro também sinalizou que apoiaria os Estados Unidos (EUA) e os países do chamado “Grupo de Lima” nas ações desestabilizadoras internas e externas com o objetivo de derrubar o presidente eleito democraticamente Nicolás Maduro. 

Essa posição do governo Bolsonaro abala os princípios históricos da diplomacia brasileira que sempre buscaram preservar a harmonia, a paz e as boas relações com os nossos vizinhos. Sempre quando houve algum tipo de conflito ou crise entre os países da região, o Brasil, até pelo seu peso econômico e político, exerceu o papel de mediador, conciliador e nunca optou por um lado do conflito, como está fazendo agora ao se posicionar ao lado dos EUA que tem interesses muito claros na Venezuela, que são as gigantescas reservas de petróleo e gás. 

Passados quase dois meses do fechamento da fronteira, o presidente Nicolás Maduro e seu governo seguem se fortalecendo, ampliando um leque de alianças que vai desde a Rússia, China, Índia, Irã, Turquia, além de Cuba. A ameaça de invasão pelos EUA, trouxe inclusive apoio ao governo de uma oposição que não concorda com a posição golpista de Guaidó

Quem não está nada satisfeita com essa posição beligerante do governo Bolsonaro é a população do estado fronteiriço de Roraima. Dos 15 municípios do estado, 13 dependem do fornecimento de energia elétrica da Venezuela. Os setores mais afetados são o de transporte e cargas, do comércio e turismo e segundo dados da Receita Federal, houve uma queda de 15% das exportações de produtos básicos e manufaturados nesse primeiro trimestre em comparação com o ano anterior. 

A pressão da população de Roraima é tão grande que o senador Telmário Mota (PROS), um antigo defensor do fechamento da fronteira, esteve recentemente em Caracas negociando com o governo venezuelano a abertura da mesma. Os movimentos sociais da região também atuam para dissipar uma matriz de opinião fomentada pelos meios de comunicação empresariais locais e nacional contrária aos venezuelanos e avaliam que a sinalização do governo Maduro favorável à abertura da fronteira possa pôr fim aos impactos políticos, sociais e econômicos gerados por essa situação.

Edição: Vivian Virissimo