Certo! Contrariedades, infelicidade, isso é coisa que faz muito mal à saúde
Há uns 13 ou 14 anos, um amigo teve um infarto dentro do carro em que dirigia. Por sorte, deu para parar, a mulher estava junto e tomou a direção. E por mais sorte ainda, estavam mais ou menos perto de um hospital em que um irmão dela era médico.
O irmão acionou cardiologistas, cuidaram bem do infartado, que recebeu um monte de pontes de safena. Mas e depois? Bom...Tinha que continuar um tratamento radical.
O médico que cuidava dele deu uma receita com uns dez remédios, parte deles tipo tarja preta. E não bastavam os remédios. Vieram as recomendações, quer dizer, recomendações não, eram verdadeiras ordens.
Não pode isso, não pode aquilo...Nada de sal, nada de açúcar, nada de carne vermelha, nada de frituras, nada de bebida alcoólica e, para completar, nada de sexo! Meu amigo ia ter que levar uma vida bem regrada e tomando um montão de remédios. E sem poder fazer nada de gostoso...
— Por quanto tempo? — ele perguntou meio apavorado.
O médico fez pose e sapecou:
— Isso é para o resto da vida.
Aí, meu amigo ficou pensando se valia a pena ter sobrevivido. Não se conformava e comentou com algumas pessoas.
Um conhecido falou para ele de um cardiologista bem velhinho, de Campinas, que eram bom nessas coisas. Ele, talvez, pudesse abrandar um pouco as coisas, reduzir os remédios e as exigências. Pegou os resultados dos exames e as informações sobre a cirurgia por que tinha passado e foi lá.
O médico examinou, olhou, viu a lista de remédios que foi receitada, a lista das exigências, pegou um papel para dar uma nova receita e disse ao meu amigo:
— Pare com todos esses remédios. Você vai tomar só o que estou receitando. Surpresa! Era um remédio só.
Aí entrou no assunto das restrições que tinha recebido:
— Pode comer o que quiser, levar uma vida normal. Claro que não é para cometer exageros, que não fazem bem para ninguém.
Incrédulo, meu amigo perguntou:
— Posso tomar vinho?
— Pode — respondeu o médico.
Meio sem jeito, ele entrou na pergunta seguinte:
— E sexo?
— Normal — respondeu o cardiologista.
Então ele não teria restrição nenhuma? Ah.. Teria sim:
— Só tem uma coisa que você não pode ter: contrariedades. Não faça nada que lhe contrarie.
Meu amigo teve algumas outras doenças, mas doenças de velho. Do coração, está muito bem.
E segue com radicalidade a restrição imposta pelo médico: nada de contrariedades.
Certo! Contrariedades, infelicidade, isso é coisa que faz muito mal à saúde.
Vamos evitar isso, né?
Edição: Michele Carvalho