Cerca de 3 mil pessoas lideradas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se manifestam na manhã desta segunda-feira (15) em frente à sede da Justiça Federal em Salvador. Elas percorreram em marcha os 40 quilômetros que separam Camaçari (BA) da capital do estado.
A manifestação é parte do Abril Vermelho, jornada de lutas que, desde 1997, relembra o Massacre de Eldorado de Carajás, ocorrido em 1996. No episódio, a polícia militar do Pará assassinou brutalmente 19 sem-terra que participavam de marcha na rodovia BR-155. Eles protestavam contra a lentidão na demarcação da fazenda Macaxeira, lar de 2.500 camponeses na época.
Após 23 anos de Carajás, os sem-terra marcharam para “defender a reforma agrária, a aposentadoria e o presidente Lula”, como resume Lucinéia Alves, dirigente nacional do MST na Bahia. “Colocar o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] subordinado ao Ministério da Agricultura é imoral, desrespeitoso com o povo que precisa da reforma agrária para uso da terra” afirma.
Sobre as outras bandeiras da marcha, intitulada “Lula Livre”, Alves argumenta: “Não tem prova, não tem crime... A prisão de Lula é arbitrária e faz parte de uma articulação com os Estados Unidos para tirar o Brasil da condição de autonomia. E nós não podemos aceitar pacificamente um governo dizer que nós temos que aumentar o tempo de serviço porque a aposentadoria das trabalhadoras e dos trabalhadores que ganham um salário mínimo quebra o Brasil”.
Pela tarde, os manifestantes devem caminhar em direção à sede da administração da Bahia para entregar ao governador Rui Costa (PT) reivindicações relacionadas ao desenvolvimento econômico dos assentamentos, saúde, educação e infraestrutura na Bahia.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira