Dois prédios residenciais desabaram na manhã desta sexta-feira (12) na comunidade da Muzema, em Itanhangá, zona oeste do Rio de Janeiro. Até o momento, quatro pessoas morreram e 10 foram retiradas feridas dos escombros. A região de encosta, cercada por mata e pedras, foi uma das mais atingidas pelo forte temporal na segunda-feira (8).
O Corpo de Bombeiros ainda vasculha por possíveis vítimas nos escombros. Ainda não há informações oficiais sobre o número de pessoas que moravam nos imóveis. Os prédios tinham entre três e seis andares cada. Segundo uma lista dos moradores, 17 pessoas estão desaparecidas. A Defesa Civil faz um trabalho de prevenção e isolamento da área porque há risco de mais construções desabarem.
De acordo com familiares, Cláudio Rodrigues, de 40 anos, vice-presidente da Associação de Moradores da Muzema, morreu em um hospital particular na Barra da Tijuca. Sua filha, Clara, de 10 anos, recebeu alta. E a esposa dele, Adilma Rodrigues, continua em estado grave no Hospital Lourenço Jorge. Um homem e uma criança que morreram ainda não foram identificadas.
Milícia
A comunidade da Muzema é dominada por milicianos. Conforme investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), essa área é controlada por paramilitares que compõem o Escritório do Crime, milícia comandada pelo ex-policial Adriano da Nóbrega. O grupo criminoso tem atuação na posse ilegal de terrenos para construção e venda de imóveis a preços abaixo do mercado. A Prefeitura do Rio informou que os prédios são irregulares porque estavam construídos em Áreas de Proteção Ambiental (APA) e que havia pedido a interdição ano passado, mas uma liminar impediu a demolição.
Equipes da RioLuz chegaram na tarde desta sexta-feira (12) para instalar refletores na comunidade que possam ajudar nas buscas. O governador Wilson Witzel (PSC) lamentou nas redes sociais e o prefeito Marcelo Crivella (PRB) esteve no local do acidente. "A prefeitura já havia notificado, comunicou o Ministério Público, veio aqui, tentou interditar, lançou diversas multas e infrações, mas, infelizmente, as obras continuaram", disse o prefeito em vídeo publicado no seu Facebook.
O representante comercial, Marcelo Vasconcelos, de 47 anos, tinha dois apartamentos em um dos prédios que desabou na Muzema. Ninguém estava no local no momento do acidente. Ele não suspeitava que a estrutura pudesse estar comprometida. "Sou leigo mas visualmente parecia muito boa. Sabia que era [construção] irregular por causa do preço e da localidade, foi pra atender a necessidade dos meus parentes de sair do aluguel", disse.
O Rio de Janeiro continua em estágio de crise decretado pela prefeitura por conta do temporal desta semana. Segundo o Centro de Operações do Rio, há previsão de chuva fraca a moderada isolada no período da noite de sexta-feira (12).
Edição: Vivian Virissimo