Militares do exército abriram fogo contra carro que carregava uma família na Zona Oeste do Rio, neste domingo (07/04). No total foram 80 disparos, resultando na morte do músico Evaldo Rosa dos Santos. Além de Evaldo estavam no carro sua esposa, o filho de sete anos, uma amiga da família e o sogro, que também foi baleado.
A ação ocorreu no bairro de Guadalupe, por volta das 14h40. Segundo uma parente da família, os militares abriram fogo sem realizar qualquer abordagem prévia. Em entrevista à TV Globo, a amiga da família que estava presente no veículo disse que, mesmo depois dos passageiros no banco de trás terem fugido com a criança no colo, os militares continuaram atirando. Uma pessoa que passava pelo local também foi ferida.
Em nota, o Comando Militar do Leste (CML) afirmou que os militares agiram após um assalto ocorrido na região do Piscinão de Deodoro, e que os integrantes do carro teriam perpetrado “injusta agressão” contra as tropas antes de serem alvejados.
O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, deu declarações afirmando que “tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]”.
"Eles (os militares) têm que ser presos. Como pode fazer uma coisa dessas? Meu pai era um cara do bem, nunca fez uma maldade contra ninguém. E morrer assim? Com o carro cheio de tiros. Essa gente não pode ter arma na mão. São despreparados. Vou à Alerj e onde mais for necessário. O presidente Jair Bolsonaro disse que o Exército veio para proteger a gente e não para tirar vidas. Quero uma resposta dele também", disse Daniel Rosa, de 29 anos, filho do músico, em entrevista ao jornal O Globo. Segundo ele, seu irmão, de 7 anos, não para de perguntar "Cadê meu pai?".
Em vídeo divulgado pela Ponte Jornalismo, os moradores se aglomeram em volta do carro baleado, naquele momento já sendo periciado pela Polícia Civil, e uma pessoa grita para os militares: “a gente é trabalhador, vocês são assassinos”.
De acordo com uma lei sancionada em 2017, por Michel Temer, os assassinos de Evaldo serão julgados por uma corte militar.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira