Um dia após o embate com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) criticou a postura do representante do governo na audiência pública que analisava o projeto da reforma da Previdência.
“Ele se mostrou despreparado, desequilibrado e inseguro. A prova foi a irritação que ele teve comigo, a ponto de abandonar a reunião. Isso não é desrespeito comigo, é desrespeito com a Câmara dos Deputados e com a população brasileira que queria ouvi-lo”, afirmou o parlamentar.
A reunião da CCJC era a segunda oportunidade para que Guedes defendesse a reforma da Previdência, ele já havia faltado na primeira convocação da comissão, no dia 26 de março. Durante as seis horas de audiência, o ministro usou de ironia e sarcasmo para responder as perguntas de parlamentares da oposição. Quando Dirceu tomou a palavra, cobrou estudos técnicos sobre o projeto e acusou o governista de ser um “tigrão” com os idosos, agricultores e mais pobres, mas “tchutchuca” com os privilegiados do país.
Em resposta, o ministro se irritou, afirmou que “tchutchuca é a mãe, é sua avó” e abandonou a audiência pública em meio a gritaria e troca de ofensas entre deputados da situação e oposição. Os ânimos acirrados fizeram com que o presidente da CCJC, Felipe Franscischini (PSL-PR), encerrasse a reunião.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Zeca comentou a repercussão do fato. “Gerou uma certa polêmica, mas agora eu percebo que as pessoas estão mais preocupadas em saber quem é que vai pagar a conta, do bolso de quem sairá esse R$ 1 trilhão, do que saber qual figura política é mais sutil ou é mais dura no trato com as palavras. Até porque, nesse quesito, o governo que o ministro Paulo Guedes representa, o governo Bolsonaro, não tem nada para nos ensinar, ele é grosso, preconceituoso, racista e homofóbico.”
Entre as preocupações de Dirceu, está a falta de preparo técnico de Guedes para defender o projeto na Câmara dos Deputados. De acordo com o petista, os parlamentares não saíram convencidos de que a reforma da Previdência proposta pelo governo seja adequada para o país. “O ministro não convenceu nem os deputados do PSL, que não estiveram lá ontem [quarta-feira] defendendo o ministro. Além de ter uma postura desequilibrada e infantil, ele não respondeu aos questionamentos”, encerrou.
Edição: Aline Carrijo