A prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), que está prestes a completar um ano; a nova anatomia dos golpes americanos no mundo e na América Latina, cujo exemplo mais pujante é o da Venezuela e a reforma da Previdência proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Esses foram alguns dos temas centrais analisados pelo dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, no programa do canal do YouTube "À Esquerda", apresentado por Lindbergh Farias e Vanessa Grazziotin, e veiculado ao vivo na página do Facebook do Brasil de Fato nesta terça-feira (2).
Para Stedile, a prisão de Lula é resultado da submissão da burguesia do país aos Estados Unidos, interessados no controle do petróleo brasileiro. “Quando nós descobrimos o pré-sal, os Estado Unidos vieram com tudo para destruir a Petrobras, para trocar o governo e ter acesso a essa riqueza que ainda move as energias de todo o mundo”.
“O Lula é mais que um preso político, ele foi sequestrado pela burguesia brasileira subordinada aos interesses dos Estados Unidos”, concluiu ele sobre o tema.
A ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) também comentou o tema: “o que se passa no Brasil e no mundo inteiro é que estamos diante de uma guerra financeira e econômica por poder, e nós somos o alvo”, disse ela. “O Brasil é um país importante pelas riquezas que tem, assim como a Venezuela. A Venezuela sofre o que sofre não porque [os EUA] são contra Maduro ou porque acham que lá é uma ditadura, mas pelas riquezas que tem. É a maior reserva de petróleo do mundo”.
"Desde 1948, 41 golpes na América Latina foram patrocinados pelos Estados Unidos, 17 com intervenção militar”, comentou o também ex-senador Lindbergh Farias (PT), citando informações da ReVista, publicação da Universidade de Harvard sobre a América Latina.
“Não são mais os tanques, agora eles usam o Poder Judiciário”, pontuou Stedile.
Reforma da Previdência
O programa também abordou o tema da PEC da Previdência, prioridade do governo Bolsonaro, que quer aprovar a proposta ainda no primeiro semestre do ano, apesar da resistência por parte da sociedade civil e da oposição parlamentar.
“O que eles chamam de reforma da Previdência, na verdade, se chama ‘como acabar com a aposentadoria do pobre’. Guedes tem sido didático dizendo que o objetivo é pegar um trilhão e jogar para os bancos”, comentou João Pedro.
“O que está por trás dessa reforma é acabar com a aposentadoria pública e jogar os trabalhadores -- sobretudo aqueles com um pouquinho mais de renda, como os professores universitários, bancários, petroleiros -- para uma previdência privada administrada pelos bancos. E os mais pobres vão para a sarjeta”, completou.
Edição: Aline Carrijo