Vice-campeã do carnaval carioca em 2018, a Paraíso do Tuiuti levou para o último ensaio técnico na Marquês de Sapucaí uma crítica ao esquema de candidaturas falsas do atual governo envolvendo o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Na Comissão de Frente, homens engravatados representavam políticos e bailarinas vestiam roupas e perucas monocromáticas na cor que virou assunto no país por causa do escândalo de corrupção: laranja.
A entrada da escola de samba na avenida ainda contou com um homem fantasiado de bode que lançava a fruta em direção ao público do Setor 1, arquibancada mais próxima da concentração na Marques de Sapucaí. No entanto, a apresentação, que foi muito comentada na internet durante esta segunda-feira (25), não será a mesma do desfile oficial na próxima segunda (4). A última noite de ensaios técnicos deste domingo (24) encerrou com o desfile da Beija-Flor de Nilópolis, da Baixada Fluminense, campeã do ano passado.
Com samba-enredo “O Salvador da Pátria”, a Tuiuti fez a passagem de luz e som na passarela depois do ritual de lavagem do Sambódromo pelas baianas de várias escolas e mães de santo. A tradição pede proteção e boas energias aos orixás para o carnaval de 2019.
Para a foliã Isabella Nunes, que desfilou na ala em homenagem a escritora Conceição Evaristo, a iniciativa de distribuir laranjas aumentou a expectativa sobre as surpresas que estão por vir. "Foi muito interessante e inesperado ver esse início jogando as laranjas porque já demonstra o tom que vai ser o desfile. Agora eu estou mais curiosa", comenta a gestora de projetos culturais.
A irreverência do humor nas críticas políticas marcou o desfile da escola de São Cristóvão, bairro da zona Norte do Rio de Janeiro, também no ano passado. O "vampirão" com faixa presidencial fez sucesso e causou polêmica na avenida em referência ao ex-presidente Michel Temer (MDB). "Acho que vai ser mais um desfile histórico, com uma crítica bastante forte a tudo que a gente tá vivendo desde o golpe", completa Isabella. Em 2018, a Tuiuti ironizou os "manifestantes fantoches" que saíram às ruas com camisas do Brasil pedindo o impeachment da Dilma Rousseff (PT).
Edição: Mariana Pitasse