"Ajuda humanitária"

Comitê pela Paz na Venezuela critica posição do governo brasileiro: "Bucha de canhão"

"O rompimento de nossa tradição diplomática não é só um ataque aos venezuelanos, mas aos brasileiros", diz a nota

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Bolsonaro (esq.) e o chanceler Ernesto Araújo (dir.)
Bolsonaro (esq.) e o chanceler Ernesto Araújo (dir.) - Sérgio Lima / AFP

O alinhamento do governo Jair Bolsonaro (PSL) aos Estados Unidos ao tratar da crise na Venezuela desagradou brasileiros que acompanham há anos os desafios políticos e econômicos dos mandatos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro. Em nota redigida na última quinta-feira (21), o Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela pedia que o país não fosse usado como "bucha de canhão" no conflito, nem gastasse "recursos para financiar uma guerra fatricida" -- ou seja, contra um país irmão.

:: O que está acontecendo na Venezuela? ::

Ao contrário do que disse o chanceler Ernesto Araújo, o Comitê interpreta que e entrada à força de suposta humanitária na fronteira com a Venezuela rompe com a tradição diplomática brasileira.

Confira na íntegra a nota com o posicionamento do Comitê:

Em menos de dois meses no poder, o governo brasileiro já demonstrou submissão a uma nação estrangeira. Sob pressão dos Estados Unidos, o Brasil anunciou o envio de “ajuda humanitária” — não solicitada — à Venezuela.

Nós, do Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela, vimos a público rechaçar completamente a ação do governo de Jair Bolsonaro, que vai contra uma longa tradição de diplomacia independente mantida até então pelo Itamaraty.

Nos alarma o fato de nosso governo intervir abertamente no conflito interno de outro país, respaldando as intenções nitidamente imperialistas dos Estados Unidos, que buscam derrubar um governo eleito para alçar ao poder um governo dócil, que deixaria sob o controle das corporações estadunidenses a maior reserva de petróleo do mundo.

Diante do show midiático orquestrado pelos EUA e governos satélites, nós dizemos: “o povo brasileiro não será bucha de canhão de uma guerra fratricida!”.

O rompimento de nossa tradição diplomática não é só um ataque aos venezuelanos, mas aos brasileiros. Diante de uma situação de arrocho que se verifica no país, com destaque para o ataque frontal à Previdência Social, questionamos como pode o Brasil sacrificar recursos para financiar uma guerra fratricida.

Assim, nos comprometemos a estar de pé, dia após dia, denunciando as inúmeras violações da soberania e auto-determinação do povo venezuelano, bem como a violação de direitos humanos que esta e as consequentes ações vão provocar no país caribenho.

BOLSONARO, TIRE AS MÃOS DA VENEZUELA!

Edição: Daniel Giovanaz