A Câmara de Vereadores de Macaé, município da região Norte Fluminense, aprovou este ano a criação de uma “Unidade Pedagógica em Agroecologia” no acampamento Edson Nogueira, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Desde a ocupação do terreno, em abril de 2018, o objetivo do coletivo é construir uma escola agroecológica. Atualmente cerca de 80 famílias moram e produzem alimentos saudáveis de forma coletiva e sem adição de agrotóxicos no local.
Nesta sexta-feira (22), um ato político vai apresentar o projeto no auditório da Prefeitura de Macaé, às 15h. Já no sábado (23), às 14h, as atividades continuam com uma aula pública no acampamento Edson Nogueira, na Estrada da Serra de Macaé, próximo ao trevo da BR101.
A primeira turma da escola agroecológica já iniciou o curso neste mês de fevereiro. Silvano Leite, assentado do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Osvaldo de Oliveira, em Macaé, participa do curso. Para ele, o projeto contrapõe o agronegócio ao valorizar a qualidade de vida e a produção em harmonia com o meio ambiente.
“A nossa preocupação enquanto família sem terra é produzir alimentos de qualidade para o nosso sustento, mas também para aqueles que não plantam e dependem da produção de quem está no campo. Estamos felizes, muito seguros e acreditamos que vale a pena dar sentido ao projeto de reforma agrária popular que tanto sonhamos”, explica. As aulas práticas e teóricas são abertas ao público e abordam diversos temas da vida camponesa como gestão do trabalho cooperado e conservação ambiental dos bens naturais.
Primeira turma de formação agroecológica do acampamento Edson Nogueira em Macaé. Aulas começaram no dia 9 de fevereiro (Foto: Coletivo de Comunicação MST-RJ)
"Existem projetos do capital para essa mesma área da nossa escola que é a construção de uma termoelétrica vinculada ao Porto de Macaé. É sabido que esse projeto trás muitos danos ambientais, então precisa de muita resistência para que o projeto da agroecologia seja, de fato, implementado”, alerta Silvano. Após a aprovação na Câmara Municipal, o projeto da escola agroecológica ainda precisa passar pelo crivo do prefeito de Macaé Aluízio Júnior (PMDB).
Parcerias e projetos vinculados
Além dos trabalhos coletivos e aulas, uma série de projetos vinculados à unidade pedagógica já estão em andamento. É o exemplo da fábrica de tijolos sustentáveis feitos com bloco de terra comprimida. Também a construção de uma casa de farinha na região em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) de Macaé, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Outro parceria foi feita para assistência técnica de arquitetos nas moradias no acampamento a partir de um edital do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado do Rio de Janeiro (CAU-RJ).
O espaço de comercialização “Parada Ecológica” foi inaugurado na última segunda (18) no KM 19 da rodovia RJ-162 que liga o centro de Macaé ao distrito de Glicério. Serão vendidas as produções do acampamento Edson Nogueira e do assentamento Osvaldo de Oliveira. Entre os produtos estão batata doce, aipim, abóbora e milho-verde.
Edição: Mariana Pitasse