Em seu primeiro discurso no Congresso depois que os Democratas assumiram a maioria na Câmara dos Deputados, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou seu aguardado pronunciamento sobre o Estado da União, na noite dessa terça-feira (05), para defender a construção do muro na fronteira com o México e adotar um tom conciliador entre Democratas e Republicanos.
"O muro com o México será construído", insistiu Trump, abordando o tema que paralisou o governo por mais de um mês devido à sua recusa em sancionar qualquer orçamento que não previsse US$ 5,7 bilhões para a obra. "A minha administração enviou uma proposta ao Congresso baseada no bom senso e destinada a acabar com a crise na nossa fronteira sul. Isso inclui os planos para criar uma nova barreira física ou muro. Eu vou conseguir que ela seja construída", afirmou.
Ciente que terá de voltar a negociar com o Congresso para evitar um novo shutdown (a paralisação parcial da administração federal), o presidente buscou adotar um tom conciliatório pedindo unidade e criticando as investigações contra seu governo por suspeita de conluio com a Rússia nas eleições de 2016.
"Nós nos encontramos hoje à noite em um momento de potencial ilimitado. Ao começarmos um novo Congresso, eu estou aqui pronto para trabalhar com vocês para alcançar avanços históricos para todos os americanos", disse Trump. “Precisamos rejeitar a política da vingança e abraçar a política de compromisso e de bem comum", acrescentou.
Segundo o presidente, é hora de acabar com "guerras estúpidas e inquéritos ridículos". "Devemos estar unidos em casa para derrotar os inimigos no exterior", salientou, acrescentando que o país possui um "potencial ilimitado" e que ele deseja "trabalhar com o novo Congresso", no qual a Câmara é dominada pela oposição democrata. "Podemos escolher entre a grandeza e o impasse político, entre resultado ou resistência, visão de futuro ou vingança, progresso incrível ou destruição sem sentido. Nesta noite, peço que vocês escolham a grandeza".
Política externa
No trecho de seu discurso sobre os temas relativos às relações dos EUA com outros países esperava-se que o presidente desse destaque à Venezuela: ledo engano. Em sua fala, Trump limitou-se a mencionar o país de passagem para dizer que os EUA "nunca serão um Estado socialista". O presidente também repetiu o posicionamento dos EUA de apoiar o autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó.
Sobre outras nações, o presidente norte-americano defendeu o projeto de retirar as tropas americanas do Afeganistão e da Síria, alegando que "os grandes países não devem mais combater em guerras sem fim".
Washington está em negociações com o grupo fundamentalista islâmico Talibã para um acordo de paz. Por outro lado, prometeu manter a linha dura com o Irã. "Não tirarei o olhar de um regime que canta 'morte à América' e ameaça com o genocídio do povo judeu", declarou.
O presidente dos EUA também disse que se reunirá com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, nos dias 27 e 28 de fevereiro no Vietnã. “[O encontro faz] parte de uma nova e ousada diplomacia, continuamos nosso esforço histórico pela paz na Península Coreana."
Elogio às mulheres
Um dos raros momentos de apoio bipartidário ocorreu quando Trump elogiou a crescente presença feminina na política e no mercado de trabalho, parabenizando especialmente as mulheres eleitas em novembro passado.
Até mesmo a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi aplaudiu calorosamente esse trecho do discurso. Muitas congressistas vestiam branco para protestar pelos direitos das mulheres.
No trecho final de seu discurso de cerca de 80 minutos, Trump seguiu o tom conciliador ao pedir para democratas e republicanos se unirem para erradicar a transmissão do vírus da Aids nos próximos 10 anos. "Juntos, o derrotaremos na América e em qualquer lugar", garantiu.
*Com ANSA, Sputnik e Agência Brasil.
Edição: Opera Mundi