Orientação das equipes, regulação de leitos, atendimento de urgência e emergência, oferta de vacinas e análise da água
Impactos ambientais, comunidades que desapareceram e vidas que foram ceifadas. Esses são alguns dos saldos da ruptura da barragem do Fundão (Mariana, 2015) e do Córrego do Feijão, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro. Causados por barragens de extração de minério da Vale, os dois já se caracterizam como os maiores desastres do mundo desde os anos 1960.
"O que aconteceu em Mariana, o maior desastre em termos de quantidade de rejeitos e extensão territorial, com impactos humanos e ambientais, e esse agora ocorrido em janeiro [Brumadinho] é o maior desde os anos 1960, em termos de vítimas fatais, como também o maior acidente de trabalho ocorrido no Brasil". Quem afirma é Carlos Machado, coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Fiocruz, para o Repórter SUS dessa semana, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz).
Machado também conta um pouco sobre o trabalho desempenhado pelos profissionais do Sistema Único de Saúde no atendimento às vítimas do crime ambiental da Vale, em Brumadinho, e o papel do SUS no acompanhamento "pós-desastre" e na reconstrução das condições apropriadas de vida e, portanto, de saúde, das populações atingidas.
"O SUS estruturou uma série de medidas, que é importante chamar atenção. Protocolo e atendimento para os desabrigados e familiares. Busca de desaparecidos, orientação das equipes locais quanto à divulgação do protocolo de atendimento nas emergências. Urgência e emergência fez imediatamente após o desastre, eu estava lá presente. Apoio e orientação das equipes de Saúde da Família locais. No atendimento e prescrição à população de medicamentos de uso contínuo [hipertensão, diabetes, sofrimentos mentais]", cita.
Ele também esclarece que foram previstas vacinas frente às necessidades, orientação das equipes para atendimento em casos de intoxicação por metais pesados, regulação de leitos hospitalares e acompanhamento da oferta e qualidade da água. "Vigilância da qualidade da água disponibilizada é fundamental", pois segundo ele, esse é um caso grave nesse tipo de desastre.
O especialista alerta que o Brasil precisa buscar liderança no ranking da sustentabilidade. "Se quisermos ser campeões que sejamos em sustentabilidade, em promoção de saúde, que seja campeão em segurança de barragens, não mais em termos dos maiores desastres. Não dá para manter esse modelo de desenvolvimento."
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Edição: Cecília Figueiredo