A bola voltou a rolar nos gramados paraibanos em meio a um clima de total incerteza desde que a Operação Cartola virou de cabeça para baixo o futebol local. Para quem não lembra, a tal operação desbaratou um esquema que envolvia dirigentes e membros do conselho arbitral e da própria Federação Paraibana de Futebol. O resultado foi uma completa faxina, com dirigentes sendo excluídos do esporte, presidente deposto e uma nova presidente eleita.
Dentro de campo, algumas questões continuam sub judice. A própria validade do campeonato Paraibano de 2018 é questionada pelas equipes rebaixadas, Auto Esporte e Desportiva Guarabira, que pedem a anulação do pleito, a retirada do título do Botafogo, assim como o direito da equipe de disputar a Copa do Nordeste e a devolução em dinheiro. Além disso, o campeonato começou com apenas árbitros de outros estados apitando os jogos, num clima claro de desconfiança quanto à arbitragem local.
Mesmo uma festa de lançamento com a presença do craque Hulk não foi suficiente para dar ares mais límpidos a competição, pairando no ar um sentimento de total desconfiança. Recuperar a credibilidade será papel de dirigentes dispostos a garantir a transparência, mas antes de tudo os torcedores precisam deixar de lado a violência típica — que beira ao absurdo — de torcedores da mesma equipe que se enfrentam antes e depois dos jogos, como no caso das organizadas do Botafogo. No lugar disso, é preciso emergir uma cultura de ocupação do futebol, de democratização radical dos clubes, cujas decisões sejam cada vez mais feitas não pelos engravatados, mas sim por aqueles que sentam no chão de cimento.
Dentro de campo, já tivemos treinador demitido após duas rodadas e Marcelinho paraíba dando passe para gol de seu irmão 22 anos mais novo. As torcidas de Botafogo, Treze e Campinense continuam convictas no título, mas o início de campeonato do Atlético de Cajazeiras deixa a torcida esperançosa. Claro que o futebol paraibano continuará tendo boas histórias para contar, mas para que ele saia de vez das páginas policiais, aqueles que amam o esporte e seus clubes precisam tomá-lo para si.
Edição: Heloisa de Sousa
