EXPLORAÇÃO

Aumenta tarifa de ônibus em João Pessoa

Preço da passagem é o maior dos últimos 10 anos

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Passagem em João Pessoa agora custa RS 3,95
Passagem em João Pessoa agora custa RS 3,95 - Reprodução

O mês de Janeiro começou com novidades ruins para a classe trabalhadora. Com promessa de desenvolver as finanças do país, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) começou o ano mostrando para quem será tal crescimento. No dia primeiro deste ano, o salário mínimo, que estava previsto para R$1.006 reais, foi fixado por Bolsonaro no valor de R$ 998. A queda pode parecer pequena, mas representa R$ 104 reais a menos, por ano, no bolso de cada trabalhador e aposentado que recebe um salário mínimo. Para completar o cenário de arrocho para os mais pobres, em João Pessoa, houve o aumento de quarenta centavos na tarifa de ônibus, o maior dos últimos dez anos. O reajuste passou a vigorar no dia 13 de janeiro, a passagem passou de R$ 3,55 para R$ 3,95. A tarifa foi reajustada pelo Conselho Municipal de Mobilidade Urbana, de João Pessoa, no último dia 11 de janeiro e aprovada pelo prefeito da capital paraibana, Luciano Cartaxo (PV). Essa decisão, colocou a cidade em segundo lugar entre as passagens mais caras das capitais do nordeste, mesmo sendo a terceira menor capital da região.

CAPITAIS DO NORDESTE EM RANKING DE PASSAGEM

VALOR DA PASSAGEM

ÁREA DA CIDADE

Aracaju (Sergipe)

R$ 4,00

181,9 km²

João Pessoa (Paraíba)

R$ 3,95

211,5 km²

Teresina (Piauí)

R$ 3,85

1.392 km²

Salvador (Bahia)

R$ 3,70

1.692,8 km²

Maceió (Alagoas)

R$ 3,65

1.509,6 km²

Natal (Rio Grande do Norte)

R$ 3,65

167,264 km²

Fortaleza (Ceará)

R$ 3,40

313,8 km²

Recife (Pernambuco)

R$ 3,20

218 km²

São Luís (Maranhão)

R$ 3,10

834,8 km²

A tarifa, que subiu de R$ 3,55 para R$ 3,95 em dinheiro, recebeu um aumento menor para os usuários do cartão “passe legal”, que pagarão R$ 3,80. A ideia da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) e do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivos Urbanos de João Pessoa (Sintur - JP) foi atrair mais passageiros para o uso do “passe legal”. A realidade por trás disso: o incentivo à dupla função do motorista, também como cobrador, para reduções ainda maiores que prejudicam à classe trabalhadora, sejam os funcionários do ônibus ou os trabalhadores que fazem uso dele.

As justificativas para a mudança no custo da passagem foram o aumento do preço do combustível e os gastos com pessoal (mesmo após as demissões em massa nos últimos anos). A nova razão, porém, faz saltar os olhos: a queda de 6,4% no número de passagens compradas em 2018, em relação ao ano anterior.

Para Camilla Ramalho Ramos, líder do movimento estudantil Levante Popular da Juventude, esse aumento possui uma representação simbólica da política econômica do que serão os governos de direita, a partir da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) e reeleição de Luciano Cartaxo (PV), pesando na vida do trabalhador com medidas antipopulares. Camilla relata que o movimento estudantil tem tentado se unir à classe trabalhadora, que será a mais afetada. “Vamos voltar a lutar pelo passe-livre estudantil, lutar pela redução da passagem e pensar em um plano coletivo de mobilidade urbana e de direito à cidade para a juventude, trabalhadores e mulheres”, contou a estudante.

Em resposta a esse aumento abusivo, várias entidades lançaram a Frente Popular de Mobilidade Urbana (FPMU) na última semana. Em nota aberta, a Frente afirma que o Conselho Municipal de Mobilidade Urbana (CMMU) — no qual os empresários estão representados — tem uma baixa participação popular, pois os conselheiros têm indicação indireta. Para a FPMU seria necessária a realização de eleição, como já é feita nos demais conselhos. “Reivindicamos também transparência e abertura de diálogo com a sociedade civil em relação à revisão do Plano Diretor de João Pessoa, que deve ocorrer este ano, assim como em relação ao Plano de Mobilidade Urbana, que vem sendo elaborado pela prefeitura e que, se tiver como parâmetro a participação social, a partir do critério adotado no CMMU, mais conhecido como ‘Conselho Tarifário’, notadamente não garantirá a participação da população pessoense”, disse a Frente Popular de Mobilidade Urbana, em nota.

 

Edição: Heloisa de Sousa