Repressão

Jornalistas sofrem violência e intimidação de policiais em ato contra a tarifa em SP

Repórter da Ponte Jornalismo foi ferido por bala de borracha enquanto cobria manifestação

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O fotojornalista Daniel Arroyo foi atingido no joelho direito
O fotojornalista Daniel Arroyo foi atingido no joelho direito - Arquivo pessoal

Profissionais da imprensa foram alvo de violência e intimidação por policiais no ato contra o aumento da tarifa do ônibus e metrô em São Paulo (SP) nesta quarta-feira (16). O protesto também foi marcado pela repressão contra os manifestantes, atingidos por bombas de gás e tiros de bala de borracha. No início da janeiro, a tarifa subiu de R$ 4,00 para R$ 4,30.

Segundo relatos, pouco antes de começar a repressão generalizada, uma bomba de efeito moral foi lançada contra um grupo de jornalistas que cobriam o protesto. 

João De Mari, estudante e repórter da agência ÉNois, foi abordado por policiais militares antes de chegar ao local da manifestação. Ele conta que subia a Rua da Consolação com dois amigos, na altura da Rua Araújo, quando passou por um grupo de agentes, que pediram para que ele voltasse. O jornalista estava com uma sacola que identificava a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

"Quando eu passei pelos policiais e fui atravessar a rua, um policial veio atrás de mim, me puxou pelo braço, me encostou na parede e disse que iria me enquadrar", relatou De Mari. Outro PM recolheu seus pertences e documentos, enquanto o policial que fez a abordagem intimidava o repórter. 

"Ele [o policial] ficou falando que jornalista não tinha direito nenhum porque nem era uma profissão que precisa de diploma", conta. “Ele sabia muito bem o que era a Abraji”. Após a abordagem, o jornalista relatou o ocorrido à entidade.

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O fotojornalista Daniel Arroyo, da Ponte Jornalismo, foi atingido no joelho direito por um disparo de bala de borracha. O repórter questionou a polícia no local e, como resposta, ouviu: "Não podemos fazer nada".

Arroyo foi levado ao pronto-socorro do hospital São Camilo e, segundo informe da Ponte Jornalismo, passa bem.

Em nota à imprensa, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que a Polícia Militar agiu para "garantir a segurança de todos durante manifestação" e que as abordagens e técnicas policiais utilizadas seguiram os protocolos internacionais para o controle de multidões. 

Em relação às denúncias contra a ação dos PMs, a pasta afirmou ainda que policiais do batalhão da área foram até o local da manifestação para colher depoimentos e adotar as providências necessárias ao esclarecimento do caso.

Em sua conta oficial do Twitter, a Polícia Militar informou que ação policial teve o objetivo de contenção. “Alguns participantes do ato, não havendo acordo entre o Mediador e os manifestantes, tentam quebrar a ordem", diz um tuíte da corporação. 

A repressão ocorreu antes mesmo que o ato seguisse em direção à Praça Roosevelt, enquanto os manifestantes liam um manifesto. 

Este foi o segundo ato convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL) após o reajuste da passagem, no dia 7 de janeiro. Na próxima terça-feira (22), uma nova manifestação foi convocada na Praça da Sé, a partir das 17h.

O aumento de 7,5% na tarifa, anunciado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) e pelo governador João Doria (PSDB), está acima da inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Ampla (IPCA) acumulado é estimado em 3,59%. Já o Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que diz respeito às famílias de menor renda, fechou o ano passado com alta acumulada de 4,17%.

Edição: Daniel Giovanaz