Ele tinha o hábito de mandar um buquê de flores para quem gostava
Tenho me lembrado de um publicitário muito criativo, o Carlito Maia, participante ativo da fundação do PT, e autor de uma frase que eu, como mineiro, gosto muito. Ele, que também era mineiro, disse: “Mineiro não fica louco... Piora”.
Uma época nós dois dividíamos um espaço na página na Gazeta de Pinheiros. Numa edição, tinha a crônica feita por ele, e na outra o espaço era meu.
Numa outra página tinha uma coluna com notícias curtas, recheadas com três frases dele e três minhas.
Uma das frases dele que eu me lembro foi publicada no Dia das Mães. Contra a corrente de louvação às mães, ele fez uma frase provocativa: “Quem tem mãe não sabe o que está perdendo”.
Numa outra edição, numa época em que um dos principais assuntos era o governador Newton Cardoso, de Minas Gerais, que tinha fama de ser muito burro, Carlito Maia publicou a seguinte frase: “Newton Cardoso? Ele foi à Bolívia buscar coca e voltou com Pepsi”.
Essa frase dele me fez lembrar de uma coisa: quando um marido saía de casa e sumia, largava a família sem dar satisfação, diziam que o sujeito saiu para comprar cigarro e não voltou mais.
Eu perguntava: e quem não fuma?
Uma amiga me contou que o marido de uma vizinha dela saiu para comprar coca. Voltou cinco anos depois. “E sem a coca”, gozou.
Volto ao Carlito. Uma coisa que me faz lembrar dele é essa que o pessoal que defende a tal “escola sem partido” não quer que professores ensinem aos seus filhos fatos científicos que contrariem seus princípios religiosos.
Assim, não poderiam falar em sala de aula sobre a evolução humana, paralela ao de símios... O aluno aprende com os pais que todos somos descendentes de Adão e Eva, teoria criacionista que herdamos do judaísmo, e pronto.
E por que isso me lembra alguma coisa do Carlito? Ele tinha o hábito de mandar um buquê de flores para quem gostava.
E mandou um buquê com um bilhetinho para as organizadoras de um encontro feminista. A atriz Rute Escobar foi quem recebeu as flores e elogiou o Carlito no microfone enquanto abria o bilhetinho dele, que só tinha uma frase que a deixou espumando de raiva.
Mostrando falta de humor, ficou injuriada com a seguinte frase de Carlito Maia: “A mulher é descendente da macaca”.
Edição: Mayara Paixão