POR DIREITOS

Governo belga é alvo de atos e paralisações pelo fim de políticas antitrabalhistas

Manifestantes marcharam com coletes amarelos em solidariedade a protestos na França; polícia reprimiu com jatos d’água

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Policial belga conversa com manifestantes vestidos com coletes amarelos durante protesto no centro de Bruxelas no sábado
Policial belga conversa com manifestantes vestidos com coletes amarelos durante protesto no centro de Bruxelas no sábado - Hatim Kaghat / Belga / AFP

Em um imenso protesto contra as políticas antitrabalhistas do governo belga, diversos setores do país deram início na sexta-feira (14) a uma greve de 24 horas contra cortes no orçamento e mudanças na jornada de trabalho. Os manifestantes denunciaram o governo, comandado por uma coalização de centro-direita e liderado pelo primeiro-ministro Charles Michel, por reduzir o poder de compra e a previdência da classe trabalhadora.

As mobilizações tiveram força em Flandres Oriental, Liège, Antuérpia e Namur, com participação de trabalhadores de vários setores, como metalúrgico, automobilístico, alimentício, de transportes e serviços públicos. Em muitos lugares, os manifestantes marcharam com coletes amarelos, em uma demonstração de solidariedade aos protestos da França liderados pelo movimento dos gilets jaunes. Outros também usavam coletes vermelhos e verdes de alta visibilidade.

Ainda no fim de novembro, os trabalhadores já haviam organizado grandes protestos em todo o país contra os sucessivos cortes no orçamento destinado a serviços públicos.

A polícia usou canhões de água para dispersar os manifestantes que aderiram à paralisação.

O Partido do Trabalho da Bélgica (PTB) manifestou apoio e solidariedade total ao protesto e exigiu que a idade para receber a aposentadoria caia de 67 para 65 anos, além da redução do imposto sobre valor agregado (VAT) na conta de luz, de 21% para 6%, aumento dos salários, transporte público gratuito e eficiente e a implementação imediata do imposto sobre grandes fortunas para aumentar a arrecadação. Nos últimos três anos, a classe trabalhadora perdeu 2,3% do seu poder de compra na Bélgica.

O presidente do PTB, Peter Mertens, afirmou que “o governo diminuiu nosso poder de compra, está atacando nossa previdência e não está contente conosco”. “Um estudo confirmou que os salários na Bélgica são os que registraram o menor índice de progresso em toda a Europa até hoje. Enquanto isso, aumentam os impostos injustos e as grandes corporações entregam cada vez mais dividendos para seus acionistas”.

“O dia de hoje representa mais um aviso para o governo. As camadas mais baixas da Bélgica expressaram sua desconfiança no governo dos patrões do FEB-VOKA [organização patronal multissetorial]. É urgente promover uma mudança radical nas políticas públicas,” acrescentou Mertens.

Edição: Peoples Dispatch