O prefeito de Niterói (RJ), Rodrigo Neves (PDT), foi preso na manhã desta segunda-feira (10) por agentes da Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro. A ação é um desdobramento da Operação Lava-Jato no âmbito estadual, batizada de Alameda, baseada na delação premiada do ex-dirigente da Fetranspor Marcelo Traça.
A investigação do MP-RJ aponta o pagamento ilegal de propinas por empresários do setor de transporte a gestão de Rodrigo Neves entre 2014 e 2018 que somam mais de R$10 milhões. O valor do repasse corresponde a 20% sobre o reembolso da gratuidade de passagens de ônibus no município. O grupo é acusado de integrar uma organização criminosa para prática dos crimes de corrupção ativa e passiva.
Neves, que é apontado como líder do esquema, foi preso nesta segunda-feira (10) em sua residência no bairro de Santa Rosa, zona sul da cidade. A Operação Alameda é executada pela Polícia Civil, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) e pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ).
Além de Rodrigo Neves, também estão presos o ex-secretário municipal de obras do município, Domício Mascarenhas de Andrade e os empresários João Carlos Félix Teixeira, presidente do consórcio TransOceânico e sócio da Viação Pendotiba, e João dos Santos Silva Soares, presidente do consórcio Transnit e sócio da Auto Lotação Ingá.
A polícia realiza mandados de busca nas residências de todos acusados bem como no gabinete do prefeito e na sede de oito empresas de ônibus que prestam serviços ao município. Também são alvos os escritórios dos consórcios Transoceânico e Transnit, e do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (SETRERJ).
Quem assume a prefeitura
Em dezembro de 2017, o vice-prefeito eleito de Niterói na chapa de Rodrigo Neves (PDT), deputado estadual Comte Bittencourt (PPS), renunciou o cargo antes mesmo de assumir. Com isso, quem assume a prefeitura de Niterói até o final do mandato após a prisão de Rodrigo Neves é o presidente da Câmara de Vereadores de Niterói, Paulo Bagueira, do Solidariedade.
Comte decidiu concorrer como vice-governador do Rio de Janeiro na chapa de Eduardo Paes (DEM), mas acabou perdendo o segundo turno das últimas eleições para Wilson Witzel (PSC). Ele permaneceu como deputado estadual por conta de uma manobra articulada na Câmara dos Vereadores de Niterói que adiou a posse para 31 de dezembro de 2017. O decreto, aprovado por ampla maioria, teve como justificativa a crise financeira do estado que demandava uma representação da cidade na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Edição: Jaqueline Deister