CÂMARAS MUNICIPAIS

Eleições municipais venezuelanas finalizam com ampla vitória para o chavismo

Foram eleitos 2.549 conselheiros municipais, o equivalente a vereadores, em 335 municípios do país

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Participaram das eleições 51 partidos e organizações políticas
Participaram das eleições 51 partidos e organizações políticas - Agência Venezuelana de Notícias (AVN)

A Venezuela fechou seu ciclo de eleições depois de cinco processos eleitorais em um ano e meio. Nesse domingo (9), foram realizadas eleições para as 335 câmaras municipais de todo o país. Os 20 milhões de eleitores escolheram um total de 2.549 conselheiros municipais, o equivalente a vereadores no Brasil.

Com 92% das urnas apuradas, os partidos do bloco chavista venceram em 90% dos municípios e os opositores ficaram com 8%. Ainda precisam ser apurados os votos em comunidades indígenas, além de outros territórios.

Nesta eleição municipal participaram 51 organizações políticas, segundo informações do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Apesar de uma parte da oposição dizer publicamente que não participaria da eleição e de chamar a abstenção no pleito, muitos de seus correligionários se candidataram através de partidos menores e pouco conhecidos. Isso é que explica o advogado e historiador, Néstor Rivera.

"A oposição está participando. Não é completa a participação opositora, mas há participações importantes, como a dos partidos históricos, como é o caso do partido social-cristão, o Copei, que tem o reconhecimento da comunidade internacional, e o partido MAS [Movimento ao Socialismo], e outras organizações". 

Rivera explica ainda que partidos maiores, como o opositor Primeiro Justiça, optaram por inscrever seus candidatos por meio de partidos regionais, menores. "Naqueles municípios em que os partidos de oposição estão governado prefeituras, como o Primeiro Justiça, um partido nacional, estão participando também através de inscrições de partidos locais, mas estão participando", afirma o advogado constitucionalista.

Para o jornalista e analista político do site Misión Verdad Bruno Sgarzini, o destaque nessas eleições é a renovação dos quadros políticos na maioria dos partidos. "Nessa eleição, o mais interessante é que a quantidade de gente nova que entrou e que tende a pressionar o grupo que está no poder, principalmente prefeitos e governadores".

Sistema democrático

Logo depois de votar, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, falou sobre a quantidade de eleições que a Venezuela realizou nos últimos anos.

"Estamos celebrando a eleição número 25 em 20 anos, um recorde mundial. Fui buscar quantas eleições os Estados Unidos realizaram nos últimos 20 anos, foram dez eleições. Se fosse uma corrida de cavalo, ganharíamos por dez pontos. Caso se tratasse de uma corrida de liberdade política, a Venezuela entraria para o livro Guinness [dos recordes] em participação política em eleições", disse o mandatário.

Já a presidenta do CNE, Tibisay Lucena, frisou o caráter democrático desse processo eleitoral. "Aqui ganhamos todos, ganham as instituições, especialmente ganha o povo da Venezuela, em uma democracia que se fortalece a cada processo eleitoral. Como dissemos em várias oportunidades, o povo da Venezuela quer viver em democracia, em liberdade, com respeito a sua soberania. Essa é a mensagem mais forte que mandou o povo da Venezuela, que quer viver em paz". 

Eleição venezuelana é realizada sem incidentes | Foto: CNE

Participação eleitoral 

A participação eleitoral ficou em 27,4% e foi uma das mais baixas da série história de eleições realizadas durante a Revolução Bolivariana, período que iniciou em 1999.

Em 2013, na última eleição municipal, a participação tinha sido de 58%. No entanto, essa é a primeira vez que se realizou uma eleição de vereadores separada da eleição de prefeitos. Isso ocorreu porque o governo do país decidiu adiantar as eleições de governadores, prefeitos e presidente, para cumprir o acordo que havia feito com a oposição, em 2017.

O presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello, destacou que o isolamento internacional provocado pelo bloqueio econômico e político em relação à Venezuela pode ter influenciado a baixa participação, e que, diante desse cenário, o resultado de participação foi positivo.

"Em um país bloqueado, assediado por campanhas midiáticas nacionais e internacionais, o povo sai mais uma vez para dar uma demonstração de acreditar na paz como forma de construir nosso país", disse Cabello, no final da jornada eleitoral.

Por serem eleições locais, o deputado considera que a votação foi satisfatória. "Temos que dizer que esse povo continua nos surpreendendo. Saíram em paz e tranquilidade para atender o chamado para votar. A direita vai dizer, obviamente, que foi fraude. A essa altura já não nos importa. Tomara que eles algum dia apresentem alguma prova sobre as coisas que são capazes de dizer contra nosso povo. Sigamos orgulhosos do que ocorreu hoje", concluiu.

Em declarações feitas depois de votar, a vice-presidenta da República, Delcy Rodríguez, ressaltou o ambiente pacífico dessas eleições, já que dois anos atrás o país estava à beira de uma guerra civil.

"A vontade do povo venezuelano está resguardada por uma plataforma tecnológica que não vemos em nenhuma parte do mundo. Esse é um espaço para resolver nossas diferenças, para nos expressar, para defender a democracia participativa que nos deu a Constituição da República Bolivariana da Venezuela", afirmou Rodríguez. 

De acordo com o CNE, a próxima jornada eleitoral será celebrada dentro de três anos, quando o país vai escolher os novos deputados do Congresso Nacional, que neste momento encontra-se inabilitado pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

Edição: Vivian Fernandes