O dia que marca os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, será também um dia de manifestações por justiça em todo o Brasil. No centro das reivindicações está a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há 244 dias na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR).
Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, esteve em Curitiba nesta quinta (6), para visitar o ex-presidente Lula, e explicou que o objetivo das manifestações convocadas para o dia 10 é chamar a atenção para a luta pelos “Direitos Humanos para todo mundo, inclusive para Lula”.
“O que nós queremos e vamos continuar exigindo é: cadê as provas? Porque o Lula é uma pessoa inocente e, no dia 10, [faremos] mais uma manifestação, mais uma jornada para chamar a atenção do povo brasileiro de que não tem prova e, portanto, o Lula é inocente”, afirmou.
Okamotto explicou que a mobilização pretende atingir as ruas e as redes. O dia será marcado por panfletagem do jornal Brasil de Fato nas ruas, Ato Internacional Lula Livre no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e Conferência Internacional em Defesa da Democracia, em São Paulo (SP), além de uma mobilização nas redes sociais defendendo a inocência do ex-presidente.
Acompanhando o presidente do Instituto Lula na visita ao ex-presidente, o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) afirmou que a ideia é que a data seja simbólica para mobilizações em diferentes partes do Brasil e do mundo. O parlamentar disse que esteve em Londres, capital inglesa, na semana passada, para reunião com uma “frente de diferentes organizações, de brasileiros e britânicos, em defesa de Lula Livre”.
Na próxima semana, Chinaglia, que é o atual vice-presidente do Parlamento do Mercosul, se reunirá com democratas do Uruguai para também fortalecer a campanha de denúncia internacional da prisão política do ex-presidente Lula.
Estratégias de luta para 2019
Além do chamado para as manifestações do dia 10 de dezembro, Arlindo Chinaglia comentou sobre as lutas que serão travadas a partir de 2019, com o início de fato do governo de Jair Bolsonaro.
O parlamentar colocou como pautas que poderão ter prioridade de votação no Congresso a reforma da Previdência, a privatização de estatais como a Petrobras e a Eletrobras e a aplicação da Lei Antiterrorismo para criminalização dos movimentos populares. Chinaglia disse também que a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) pretende pautar a necessidade de revogação da Emenda Constitucional 95, que congelou durante 20 anos os investimentos públicos.
“Não são temas fáceis de serem explicados na sua total dimensão. Agora, todo mundo sabe o que é emprego, o que é sufocar sindicatos e outros movimentos de luta, todo mundo sabe o que significa mexer na previdência social, o que significa não ter, por exemplo, saúde e educação públicas que deem acesso a qualquer pessoa no Brasil”, comentou.
Um dos desafios específicos da bancada petista, segundo Chinaglia, será superar as articulações que estão sendo feitas para isolar o partido na Câmara dos Deputados e no Senado. Líderes de vários partidos têm articulado a formação de um bloco de oposição ao novo governo, que isolaria não só o partido do presidente eleito, PSL, mas também o PT. As negociações para a formação do bloco abrangem partidos de diferentes alinhamentos ideológicos, desde o PCdoB até o PSDB. Chinaglia afirmou, no entanto, que o PT permanece aberto ao diálogo para a formação de uma frente única de combate ao governo Bolsonaro.
“Possivelmente, sem se dar conta, estão reforçando o argumento da direita. Porque quem nos colocou como oposição foi o povo, não é uma escolha. Nós disputamos para ser governo. Nós só não ganhamos porque o Lula não foi candidato. Então, não adianta querer fingir que ganhou a eleição. Não ganharam, esses que tentam isolar o PT. Portanto, nós estaremos sempre abertos para atuar numa frente”, disse.
Edição: Mauro Ramos