Este ano, a Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes chega a sua 10ª edição, que acontece no mesmo local desde 2009, no Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro, entre dias 10, 11 e 12 de dezembro. A expectativa é que sejam comercializadas mais de 150 toneladas de alimentos agroecológicos durante os três dias do evento, que promete ser ainda maior que os anos anteriores.
Os alimentos in natura e produtos da agroindústria vem de cooperativas, associações e grupos coletivos de trabalho dos assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de diversas regiões de dentro e fora do estado.
Na região da Baixada Fluminense, a produção vem de dois assentamentos e um acampamento: o Terra Prometida, localizado entre Duque de Caxias e Nova Iguaçu, o Campo Alegre, que está entre Nova Iguaçu e Queimados, e o acampamento Marli Pereira da Silva, situado entre Paracambi e Japeri.
O coordenador regional do MST na Baixada, Leo China, destaca a conservação ambiental e do solo como parâmetros de trabalho. Todos os alimentos levados para a Feira são produzidos de maneira orgânica ou agroecológica, sem nenhum tipo de veneno ou química em seus componentes.
“Da Baixada para Feira, hoje em dia, a maior produção tem sido aipim, produtos beneficiados da chaya e fitoterápicos. Também algumas diversidades como abóbora, berinjela e jiló, muita horticultura como couve, alface e outras”,explica.
Cada acampamento ou assentamento do MST tem sua própria coordenação responsável pela lista de produção, balanço das quantidades e preços. Ainda segundo Leo, os coletivos se articulam de maneira independente para levar os alimentos até as feiras menores e mais próximas. Mas para um grande evento de comercialização, como se consolidou a Feira Cícero Guedes, é preciso organização coletiva.
“Assim temos levado produtos de pessoas que não eram de nenhum coletivo, mas que se inserem para participar da Feira e às vezes até ficam”, analisa o coordenador regional. Depois da produção organizada e separada para a feira, um caminhão sai da Baixada Fluminense e faz o transporte dos alimentos até o Largo da Carioca.
Amanda Matheus é assentada na região Sul Fluminense e faz parte da direção do MST no Rio de Janeiro. Nessa região está articula a produção dos assentamentos Roseli Nunes, Terra da Paz, Vida Nova e Irmã Dorothy, nos municípios de Piraí, Barra do Piraí e Quatis, com aproximadamente 140 famílias.
A experiência em diversas frentes de comercialização tem sido fundamental para o diálogo entre campo e cidade sobre produção de alimentos saudáveis e, sobretudo, agroecológicos, conta Amanda. O Sul Fluminense se organiza através do coletivo Alaíde Reis, e vai trazer cerca de 20 produtores para Feira Cícero Guedes.
“A produção de alimentos saudáveis, trabalho cooperado, saúde e educação são algumas das pautas que o MST considera como extremamente importantes para garantir uma vida digna e de qualidade do povo do campo e da cidade na construção da Reforma Agrária Popular”, acrescenta Amanda.
Os assentados trabalham de maneira diversificada na terra, o que constrói uma enorme diversidade de produtos. Entre eles, hortaliças, legumes, batata-doce, doce, milho, queijos, ovos, pães, bolos, artesanato, fitoterápicos e frutíferas em geral.
Atualmente a região tem algumas frentes de entrega de produção, como as Cestas da Reforma Agrária em parceria com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação Núcleo de Volta Redonda (SEPE), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e o Espaço de Comercialização Terra Crioula, na Lapa, no Rio de Janeiro. Além de fazer entregas para o Armazém do Campo e a Rede Ecológica também na cidade do Rio.
Edição: Mariana Pitasse