Estudos em 2009 e 2016, com 4 mil homens de 12 capitais brasileiras, indicam que um em cada cinco está infectado
O Ministério da Saúde apresentou no final de novembro o boletim epidemiológico de HIV/Aids, por ocasião do Dia Mundial de luta contra a Aids, em 1o de dezembro. O levantamento mostra que as taxas de mortalidade caíram entre 2007 e 2017 quase 15%. Só nos últimos quatro anos, passaram de 5,7 óbitos por cem mil habitantes para 4,8. A pasta atribui essa queda à garantia do tratamento para todos, lançada em 2013.
O Repórter SUS dessa semana, realizado em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), conversou com a pesquisadora Ligia Kerr, da Comissão de Epidemiologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que coordenou os dois estudos, de 2009 e 2016 e entrevistou 4.176 homens de 12 capitais brasileiras. Segundo a pesquisadora, no Brasil, a estimativa da prevalência da infecção pelo HIV na população de homens que fazem sexo com homens (HSH) era desconhecida até 2009.
No primeiro estudo, em 2009, o resultado foi preocupante: a prevalência da infecção pelo HIV estimada para esta população foi de 12,1%, cerca de 20 vezes maior do que a prevalência na população geral. Sete anos depois, o resultado foi muito além do que se imaginava: a prevalência subiu para 18,4%, ou seja, 46 vezes maior do que a população geral.
Kerr fala dos avanços que o Brasil alcançou em termos de tratamento, de um lado, mas também a queda na prevenção, paralelamente ao desmonte do Sistema Único de Saúde. Há risco, segundo ela, de desabastecimento do tratamento.
“Nós temos que lembrar que a Aids não foi embora, Quando comparamos pessoas abaixo dos 25 anos com as acima de 25 anos , o grupo mais jovem foi o que mais se infectou nesse período de 2009 a 2016”.
Vamos ouvir:
Edição: Cecília Figueiredo