Na semana da Consciência Negra, as duas mulheres trazem perspectivas e experiências na luta por democracia
Nesta quinta-feira (22) o programa "No Jardim da Política" recebeu a gestora pública e mestra em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), Natália Neris. A convidada falou sobre a luta da população negra no Brasil por igualdade e direitos, desconstruindo a ideia de democracia racial. Na semana em que se marca o Dia da Consciência Negra, Neris ressalta a importância do debate sobre o tema -- para além do mês de novembro.
A abolição da escravidão no Brasil ocorreu dia 13 de maio, porém, é no dia 20 de novembro que a comunidade negra escolheu para representar sua força. Nesse dia, em 1695, as forças portuguesas atacaram e destruíram o quilombo de Palmares, liderado por Zumbi. "A gente não tem uma abolição concluída, devido às desigualdades, mas temos uma história de luta. A gente tem a liberdade dos municípios instalarem o feriado ou não, mas a ideia é que seja um período de reflexão", comenta.
Natália é pesquisadora em gênero, raça e internet no centro de direito e tecnologia InternetLab, e analisou o uso da internet e redes sociais durante o período eleitoral. Para ela, os campos de discurso estão "viralizando entre si", portanto é preciso "furar a bolha" -- caso contrário, as fake news tomariam conta, espalhando desinformação e boatos. Embora a população negra seja alvo desse tipo de estratégia de deslegitimação, a convidada entende que a imprensa negra é forte e responde a desde o final do século XIX.
No entanto, Neris fala com preocupação sobre o futuro governo Bolsonaro, uma vez que os discursos do presidente eleito atacam diretamente a comunidade negra e seus direitos. "Não demos conta de mapear os caso de discurso de ódio contra pessoas negras e LGBTs durante esse período de eleição, porque o discurso de Bolsonaro tem legitimado e autorizado essas atitudes", desabafa.
A gestora pública também respondeu a perguntas dos ouvintes e rebateu mitos em relação ao racismo, como aqueles relacionados a políticas de cotas, por exemplo: "Não se trata de privilégio quando é uma correção no sentido de desigualdade. Trata-se de direito".
A rapper Preta Rara participou do programa, em entrevista à repórter Mayara Paixão. A artista, que esteve na linha de frente da luta pela PEC das Domésticas, comemora o avanço da representatividade negra no pleito de 2018 e enaltece a eleição de Erika Malunguinho para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
É possível acompanhar o programa "No Jardim da Política" pelo site ou pelo aplicativo do BdF, disponível no Google Play. O programa tem duração de 1h30 e também será transmitido no Facebook.
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Edição: Daniel Giovanaz