As ruas do Rio de Janeiro estarão ocupadas até domingo (18) com shows, oficinas, workshops e debates fora do eixo centro-sul da cidade. O Honk!Rio chega em sua quarta edição trazendo o espírito comunitário, colaborativo e autônomo do universo dos artistas para os espaços públicos dos cariocas.
O Honk! surgiu na cidade de Boston, nos Estados Unidos, em 2006 e logo se espalhou para outros países, chegando ao Brasil em 2015. Durante os quatro anos de evento, os organizadores calculam que mais de 30 mil transitaram pelo festival.
Uma das atrações desta edição será o BLoka, uma reunião de mulheres que pertencem a diferentes grupos artísticos e musicais do Rio, Minas Gerais, Distrito Federal e até mesmo da França que realizarão um ato político-cultural que tem a arte como o principal instrumento para reverberar a voz contra qualquer forma de censura e opressão.
Luane Aires é produtora do festival e uma das organizadoras da BLoka. Ela explica que a ideia de fazer um bloco diverso que reúne mulheres de diferentes grupos musicais surge como uma demanda de muitas artistas que acabam não tendo tanta visibilidade em seus coletivos culturais.
“As mulheres musicistas de rua têm dificuldade de ter espaço de fala com os seus instrumentos dentro do ambiente musical e quando nós estamos entre nós mesmas, isso não existe. Ninguém fala mais alto do que ninguém, tentamos nos ouvir. Há uma igualdade e também conforto. Tem a questão de visibilidade e representatividade das mulheres nos grupos também”, destacou.
Nesta edição, cerca de 100 artistas irão se apresentar no BLoka. A maioria do grupo é composta por mulheres que tocam diferentes instrumentos musicais, mas parte do coletivo também reúne pernaltas e poetisas que participam do Slam das Minas no Rio de Janeiro.
Thatiana Verthein é flautista do grupo Sinfônica Ambulante e idealizou uma das paródias musicais que o BLoka irá tocar nesta quinta-feira (15). A artista, que fez a releitura da tradicional canção Deus Lhe Pague de Chico Buarque, conta que a maioria das músicas que serão executadas no show terá um grito de guerra feminista contra a opressão.
“Eu trabalhei a parodia numa perspectiva feminista do corpo, de séculos de opressão, de controle, da dificuldade das mulheres em se colocar nos espaços por conta das amarras e mordaças que nos são impostas ao longo dos anos”, disse a flautista.
A apresentação do BLoka ocorre nesta quinta-feira (15), a partir das 16h, na Cinelândia, no centro do Rio. Toda a programação do festival Honk!Rio com os locais e dias das atrações pode ser conferida na página do evento no Facebook.
Edição: Mariana Pitasse