Diversas entidades, lideranças religiosas e pessoas de vários credos se reuniram na noite da terça-feira (23) para dizer não ao fascismo e ao preconceito religioso. O plenário lotou, com mais de 80 pessoas, no Sindicato dos Bancários, em João Pessoa, reunindo evangélicos, católicos, espíritas e religiosos de matriz africana, com presença, também, ateus e agnósticos.
O deputado Luis Couto, compondo a mesa do evento, discursou para a platéia sobre a importância da fé: “Quem tem Deus no coração tem tudo. E se essa pessoa não tem Deus no coração não pode espalhar a mensagem de Deus, não pode viver esta mensagem. Porque é preciso que ela esteja impregnada, não apenas na sua mente, no seu coração, mas nas suas entranhas.”
Luis Couto, que também é padre, continua na sua oratória: “O Leonardo Boff diz que o princípio da esperança tem duas filhas que andam juntas: uma é a indignação, não podemos nos calar diante do que esta acontecendo, tudo o que fere a vida e a dignidade das pessoas, a quem pensa diferente, opção sexual ou definição politica diferente. E a segunda é a coragem, e coragem a gente tem e vamos nos fortalecer.”
Mãe Renilda de Oxóssi, candomblecista e vice-presidente do Consea (Conselho de Segurança Alimentar), compondo a mesa, fez um balanço da redemocratização para a sua religião: as matrizes africanas devem tudo o que são, hoje, a Lula. Nos anos 60, a gente levava chibata; anos 70, a gente vivia debaixo de cacete. Anos 80 vem a Constituição e a gente vai pra Brasilia, vai pra lutar por uma constituição federal brasileira, para, hoje ver ela sendo rasgada pelo fascista.
Reconhecimento da Luta
Ela acrescenta que nos anos 90, vários fatos se deram em torno da luta do povo: “o movimento negro vai pra rua, o PT vai pra rua, pela mudança. Quando vem Lula, o povo de matriz africana pode dizer ‘viva a liberdade religiosa’, e Lula vem com o Plano Nacional para os Povos de Terreiro. Então Lula pediu perdão ao povo de matriz africana por tudo o que passaram nesse país, porque construirmos esse Brasil. Ele nos incluiu no Fome Zero, e passamos a receber cestas básicas no Brasil inteiro”
O vereador de João Pessoa, Marcos Henriques, um dos realizadores do evento, fala sobre a importância da religião para esta fase das eleições: “Essa campanha tomou conotações religiosas tremendas, e estão usando o nome de Deus para promover candidatos. A defesa da moral, dos costumes e da família se dá no dia-a-dia com a politica de respeito ao ser humano, a cidadania, e as politicas de inclusão social. E o que a gente percebe é um candidato falando da família, mas sabemos que isso é tudo isso é pura hipocrisia. A gente também sabe que ha lideres religiosos se aproveitando para promover Bolsonaro”
Segundo Marcos Henriques, os religiosos se reuniram para dizer que essas pessoas não representam o contexto das religiões. “Inclusive havia evangélicos, nesta plenária do evento, dizendo que Deus pregou o amor e não a tortura. E a plenária foi para isso: para dizer que Deus é de amor. Cristo nos deixou esse legado de paz”
Para Isaac Santos, Pastor da Assembleia de Deus, a democracia é uma bênção “É uma conquista viver na harmonia, na liberdade de culto. Muito sangue foi derramado na ditadura militar, e hoje vivemos num regime democrático, onde há liberdade de culto, diversidade cultural e de gênero, estrangeiros. Então há um falso moralista, com visão farisaica de excluir o outro, querendo excluir a fé e a vida do outro.”
Edição: Heloisa de Sousa