Em menos de uma semana, a conta no Instagram chamada "Vira Voto" atingiu 190 mil seguidores e reuniu centenas de depoimentos de pessoas que votaram no Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno, mas decidiram mudar seus votos para o Fernando Haddad (PT) no segundo turno. Os depoimentos são os mais diversos e retratam também experiências de quem tem tentado dialogar com eleitores de Bolsonaro para mostrar que as propostas do candidato estão bem distantes dos princípios democráticos e do que a população brasileira realmente precisa.
“O cobrador do ônibus que eu peguei pra voltar para casa não sabia que a reforma trabalhista já tinha sido aprovada e mudou de voto quando soube que o Bolsonaro votou a favor”, diz um dos relato. A desinformação e os boatos espalhados pela campanha Bolsonaro são os principais empecilhos descritos pelos colaboradores que utilizam a tag #ViraVoto para compartilhar suas experiências e construir soluções frente a esses entraves.
A página também mantém em destaque um material que esclarece uma das maiores Fake News dessas eleições contra Haddad, que atribui a ele a criação do que foi batizado por Bolsonaro como “kit gay”. A informação é falsa. Por prejudicar o debate político, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu na última terça-feira (16) pela remoção de vídeos do candidato do PSL que criticam o projeto "Escola sem Homofobia", que nem chegou a ser executado pelo Ministério da Educação (MEC). Em mais um destaque, o perfil apresenta 11 motivos pelos quais Bolsonaro é uma ameaça ao meio ambiente.
Espontâneo
Outra iniciativa organizada de forma espontânea nas redes sociais é a conta "É Hora de Acreditar", também no Instagram, que apresenta ao eleitor a trajetória política e profissional dos candidatos da chapa "O Brasil Feliz De Novo", de Haddad e a vice Manuela D’Ávila (PCdoB). Eles também relembram conquistas de Haddad quando foi Ministro da Educação de 2005 a 2012 como a criação do Programa Universidade para Todos (Prouni), novo FIES sem fiador e o lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação. “Se cada um virar um voto seremos o dobro”, publicou o perfil.
Pensando no cenário atual de polarização e no exercício democrático da cidadania, estudantes criaram o site "Tô Indeciso". A página é uma ferramenta simples que apresenta em profundidade informações verificadas, planos de governo e declarações oficiais dos dois candidatos ao segundo turno. A proposta é ajudar aqueles eleitores indecisos que ainda têm dúvidas sobre qual candidato representa melhor seus interesses nos mais variados temas como educação, igualdade social, saúde, segurança, economia, trabalho, direitos, meio ambiente, cultura, combate à corrupção, entre outros. “Não há espaço para isenção. O país que queremos só será possível se a gente tomar decisões conscientes e nos posicionarmos”, diz a página.
Brigadas
Grupos de moradores de todo o estado também têm se organizado nas ruas do Rio de Janeiro em brigadas ao estilo que os movimentos sociais fizeram nos últimos anos. As chamadas de "Brigadas Haddad Presidente" já somam mais de 20 em todo o estado e aglutinam pessoas que tem ido às ruas com panfletos e ações musicais para alertar aos moradores de diversas regiões sobre as eleições deste ano.
A experiência vem de movimentos populares como o Levante Popular da Juventude (Levante) e os movimentos da via campesina, como o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). As brigadas são grupos que se organizam historicamente para provocar o diálogo sobre temas caros aos movimentos sociais e à população em geral.
“Estamos agora conversando com as pessoas sobre o perigo da eleição de um candidato que é contra a democracia e contra o povo, o Bolsonaro. Por isso, brigadas Haddad Presidente. Nesse momento a eleição dele é importante para a defesa dos direitos dos trabalhadores, da educação e das riquezas brasileiras”, explica Mariana Souza, militante do Levante e participante de uma das brigadas.
Outra característica marcante das brigadas é que elas são um grupo que atua de forma sistemática, ou seja, dentro do período as atividades são recorrentes, seja de panfletagem ou intervenções. “As pessoas podem se reunir e criar as próprias 'Brigadas Haddad Presidente'. É só reunir uma galera e montar uma agenda de panfletagem e ir conversando com o povo”, completa Souza.
Edição: Mariana Pitasse