Oficiais do Exército brasileiro têm ganhado cada vez mais protagonismo nas discussões do programa de Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL. Três generais comandam o debate econômico, principalmente, em relação ao setor de infraestrutura: Oswaldo Ferreira, Augusto Heleno e Aléssio Ribeiro Souto.
A presença dos três militares significa um compartilhamento de concepções com o principal assessor econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes. O guru ultra-liberal, investigado pelo Ministério Público por suposta fraude bilionária em fundos de pensão, ainda dita as principais linhas do programa, defendendo medidas polêmicas como a volta da CPMF e uma alíquota única para o Imposto de Renda.
O grupo militar trabalha em Brasília, ao passo que Guedes opera no Rio de Janeiro.
Em comum, os três generais têm uma grande influência: Golbery de Couto e Silva. As monografias na Escola de Comando e Estado-Maior, pela qual passaram, apontam a influência na questão geopolítica da visão do criador da doutrina de segurança nacional, pautada na ideia de “inimigo interno” a ser eliminado.
Augusto Heleno Ribeiro Pereira
Primeira opção de Bolsonaro para ser seu vice, não ocupou o cargo na chapa pois seu partido, o PRP, não fechou aliança formal com o PSL. Comandou as tropas brasileiras no Haiti e exerce grande influência também na área de segurança pública do programa, defendendo temas como a revisão da maioridade penal no país. Ele mesmo, porém, relativiza o papel do programa de governo. “Essa história de que ficam cobrando programa de governo é uma farsa. São meros protocolos de intenção. Enquanto não tiver ministro designado, não faz sentido. Os programas vão ser feitos mesmo ali, nos dois meses entre o resultado da eleição e a posse, em janeiro", chegou a afirmar em entrevista.
Oswaldo Ferreira
Provável ministro dos Transportes, é o principal nome militar no debate de infraestrutura. Defende a flexibilização do licenciamento ambiental, visão que se coaduna com o programa de governo já publicado, que prevê o fim do Ministério do Meio Ambiente e a transferência de suas funções para o Ministério da Agricultura, historicamente dirigido pelos ruralistas. Declarou que “no meu tempo, não tinha Ministério Público e Ibama para encher o saco”, em referência à experiência de construção de estradas durante a Ditadura Militar.
Aléssio Ribeiro Souto
Na academia militar, estudou a questão tecnológica no Brasil. Comandou o CTEX (Centro Tecnológico do Exército) entre 2006 e 2009. Na questão educacional, afirma que a valorização salarial do magistério não é o principal elemento a ser defendido: “Há uma série de pontos que tratam da valorização dos professores. O quinto ou o sexto é a questão salarial”, já defendeu. Afirma que a deposição de João Goulart não foi um golpe militar e que “os livros que não trazem a verdade sobre o regime de 1964 têm que ser eliminados”.
Edição: Tayguara Ribeiro