Os aliados de Jair Bolsonaro (PSL) passaram a campanha evitando explicações e aprofundamentos sobre o programa de governo. Isso porque as propostas políticas e econômicas do candidato seguem na mesma linha que os fracassos da gestão de Michel Temer (MDB), no Brasil, e Maurício Macri, na Argentina, de acordo com a análise do advogado e militante da Consulta Popular.
Em entrevista para a Rádio Brasil de Fato, o advogado comentou as contradições e riscos do que está previsto no programa do PSL e, principalmente, do que está mal explicado.
"O que a gente conhece do programa dele e do pensamento por trás, cujo expoente é o economista Paulo Guedes, é o ultraliberalismo. Ele se coloca no lugar de alguém nacionalista, que defende a bandeira brasileira, mas o que ele defende em suas propostas, em grande medida, são bandeiras antinacionais. Ele quer privatizar as empresas públicas para empresas transnacionais. Ele pretende fragilizar o funcionalismo, redução de direitos, isso não tem nada de nacional", disse.
O modelo econômico do ultraliberalismo foi o principal responsável pela grave crise que atingiu a Argentina no governo Maurício Macri. Com altos índices de desemprego, inflação e criminalidade descontrolado, um quadro de caos social.
Se na economia Bolsonaro aponta para um caminho de forte impacto negativo para a classe trabalhadora, na política ele tenta se apresentar como uma opção nova e sem vínculos com partidos tradicionais e corruptos, embora participe há 30 anos da política institucional como vereador, deputado estadual e federal.
"Ele se declara um candidato antisistema político, embora seja deputado federal há muito tempo e um parasita da Câmara dos Deputados. Ele se arvora como o salvador da pátria, sendo um cara com um programa antinacional, antipopular e ele não esclarece. Toda vez que o programa econômico dele saiu na imprensa, ele teve que corrigir depois. O vice dele, o Mourão, falou contra o 13º mais de uma vez. Anunciou o aumento de Imposto de Renda para os mais pobres, gente que tem isenção hoje. Ele teve que corrigir, mas é coisa que está sendo planejada pelo Paulo Guedes", disse.
Outro aspecto preocupante da candidatura Bolsonaro é o viés de continuidade das políticas antipopulares e com alta rejeição do governo Temer.
"Nenhum candidato, desde 1994, foi eleito com o conjunto de propostas que o Temer aplicou. Essas propostas que tratam de uma crise econômica e social grave e atribuem ao trabalhador e aos mais pobres de pagar a maior parte dessa fatura. Ela não passaria pelo crivo das urnas. O Bolsonaro é um signatário dessas propostas. Ele é da base do governo Temer. Ele foi favorável das propostas nefastas que o Temer aprovou", disse.
Entre as propostas do pacote de maldades aprovadas por Temer, com o apoio de Bolsonaro, estão a reforma trabalhista, a liberação da terceirização sem restrição e o congelamento dos gastos em Educação e Saúde.
Edição: Diego Sartorato