Rio de Janeiro

MOBILIZAÇÃO

Vaquinha online para placas em homenagem à Marielle alcança 15 vezes a meta em 24h

O financiamento coletivo tem como objetivo comprar novas placas de rua em homenagem à ex-vereadora

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Os dois homens que aparecem na imagem são candidatos a Deputado estadual  e federal do partido de Bolsonaro, o PSL.
Os dois homens que aparecem na imagem são candidatos a Deputado estadual e federal do partido de Bolsonaro, o PSL. - Reprodução/Facebook

Uma foto com dois candidatos do PSL, partido de Bolsonaro, comemorando a destruição de uma placa de homenagem à vereadora do Psol Marielle Franco viralizou nas redes sociais na noite da última quarta-feira (3). Os dois homens que aparecem na imagem são Rodrigo Amorim, agora candidato a deputado estadual e nas últimas eleições municipais, candidato a vice-prefeito na chapa de Flávio Bolsonaro e Daniel Silveira, candidato a deputado federal. A atitude gerou grande repercussão e em poucas horas uma vaquinha foi criada na internet pelo site Sensacionalista para a confecção de novas placas de  homenagem à vereadora assassinada há quase sete meses.

Até o fechamento desta reportagem, a vaquinha com o slogan "Eles rasgam uma, nós fazemos cem", já tinha atingido mais de R$ 30 mil, batendo em 15 vezes a meta inicialmente proposta de 2 mil reais, valor suficiente para a confecção de 100 placas.

A placa em homenagem à Marielle destruída na quarta-feira (3), confeccionada no mesmo modelo das inscrições das ruas do Rio, havia sido colada por ativistas para substituir temporariamente uma das placas que dão nome à Praça da Cinelândia, há poucos metros de onde Marielle exercia seu mandato de vereadora.

Na postagem, os dois candidatos do PSL destacaram que estavam restaurando a placa original Praça Marechal Floriano. No mesmo texto, eles também escreveram a frase: "preparem-se esquerdopatas, no que depender de nós seus dias estão contados". O professor Fábio Malini, coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o rompimento foi planejado exatamente para viralizar nas redes, o que é preocupante.

"As duas pessoas treatralizaram, fizeram a ação para expor e para serem viralizados. Não foi algo que não tenha sido deliberadamente pensado para ser divulgado. Inclusive com pretensões políticas, o que é pior já que são dois candidatos - eles têm que zelar pelo decoro. Isso intensifica a correlação entre ato de destruir a placa para ser viralizado e a conexão disso com o voto. A gente vive no país uma situação em que já se tem, por parte de um grupo de políticos, uma visão de que se ganha voto com apologia à violência política", disse Malini.

Os dois candidatos fizeram uma transmissão ao vivo pelo facebook na noite de quarta-feira (3) justificando o ato. Eles afirmaram que repudiam a morte de Marielle e apoiam a investigação do assassinato e que tiveram a atitude apenas para restaurar a placa original.

Segundo os organizadores da vaquinha, as novas placas em homenagem à Marielle Franco que vão ser confeccionadas serão distribuídas na Cinelândia em dia e horários que ainda vão ser divulgados.

Edição: Jaqueline Deister