Fabián Tomasi, trabalhador rural da cidade de Basavilbaso, localizada no estado de Entre Ríos, na Argentina, e símbolo da luta contra os agrotóxicos mundialmente, morreu no último dia 7 de setembro, aos 53 anos.
Tomasi passou parte de sua vida trabalhando em um avião fumigador nas plantações de soja do agronegócio argentino, sem nenhum tipo de proteção, porque seus patrões não o comunicaram que a exposição contínua poderia ser tão prejudicial, nem sequer ofereceram uma vestimenta adequada para que ele pudesse se proteger dos vapores tóxicos ou respingos de produtos como o glifosato. Este agrotóxico foi categorizado em 2015 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “provavelmente cancerígeno”.
Seu trabalho consistia em abrir as embalagens que continham as substâncias químicas, colocá-las em um recipiente e fumigar os cultivos de uma soja em um avião fumigador.
Esta experiência que teve consequências graves para sua saúde. Devido à exposição a pesticidas como o glifosato, Fabián adquiriu uma polineuropatia tóxica, um distúrbio neurológico que causa o mau funcionamento dos nervos periféricos, causando, entre outros sintomas, dores severas nas articulações, dificuldade de ingerir alimentos sólidos e limitação na mobilidade.
A história de Tomasi foi narrada no livro "Envenenados", do escritor e jornalista argentino Patricio Eleisegui, publicado em Buenos Aires pela Editora Gárgola (2017).
Com o passar dos anos, apesar do avanço da doença, que provocou uma debilidade física, o argentino se dedicou a denunciar sua condição e a de milhares de trabalhadores e comunidades rurais vítimas da exposição aos agrotóxicos, concedendo entrevistas e participando de campanhas contra os agrotóxicos e contava com o apoio de organizações ambientalistas e movimentos camponeses, apesar das constantes ameaças que sofria.
Em uma de suas entrevistas, concedida para a agência pública argentina Télam, comentou o descaso sofrido no país, um dos maiores consumidores de agrotóxicos na América Latina:
"Eu sempre dou o meu nome, meu endereço, para que os engenheiros químicos, os médicos, os políticos venham discutir o tema comigo, mas nunca tive a sorte de conversar com uma autoridade que se interesse pelo tema: ele é tratado quando a opinião pública se manifesta”, afirmou.
Edição: Vivian Fernandes