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Atlas do Agronegócio é lançado no Rio com presença de Bela Gil

Documento traz novos dados sobre agrotóxicos, conflitos e alternativa da agroecologia

Rio de Janeiro (RJ) |

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Bela Gil e Gregório Duvivier participaram da mesa de debates em lançamento
Bela Gil e Gregório Duvivier participaram da mesa de debates em lançamento - Eduardo Miranda

O que comemos é produzido por pouquíssimas empresas e esse monopólio dará a elas o poder de decidir o que iremos consumir. Esse foi o diagnóstico trazido durante o lançamento do “Atlas do Agronegócio: fatos e números sobre as corporações que controlam o que comemos”, na última terça-feira (4). O debate contou com a presença da apresentadora Bela Gil, que defende políticas públicas, como a reforma agrária.

“Com a modernização da agricultura e a industrialização do nosso mundo, houve um aumento da distância entre o campo e a cidade. As pessoas perderam essa noção e quando eu pergunto de onde vem a comida que elas estão comendo, muitas dizem que vem da prateleira do supermercado. A gente deveria ter mais políticas públicas na distribuição de terra para acabar com esse distanciamento”, disse a apresentadora, que é também nutricionista.

Coordenadora de projetos socioambientais da Fundação Henrich Böll Brasil e coorganizadora do Atlas do Agronegócio, Maureen Santos alertou para a concentração de conglomerados que dominam a produção de sementes, armazenamento, transporte, distribuição, fertilizantes, atacado e varejo até que o alimento chegue ao consumidor final. Ela também comentou os conflitos no campo abordados pelo Atlas.

“Cada vez mais a gente acha que está escolhendo algo para comer, mas a gente não está, porque as mesmas empresas detêm diferentes marcas de produtos de higiene, limpeza, produtos alimentícios. [O Atlas] traz o debate dessa cadeia com o agronegócio brasileiro e os impactos cada vez maiores no ambiente, na geração de conflitos, na perda de direitos, na violência no campo e no que existe de resistência em relação a esse processo”.

Agro não é "pop"

Para o agrônomo Denis Monteiro, da Articulação Nacional de Agoecologia, a ANA, o avanço do agronegócio não seria possível sem a bancada ruralista que já ocupa metade do Congresso Nacional. Monteiro ironizou a tentativa da publicidade de transformar o agronegócio em “pop” e afirmou que o setor já faz pressão sobre candidatos à Presidência da República. 

“O agronegócio, que nem é mais agronegócio, o agro é pop, o agro é tudo, organizou um debate com os presidenciáveis em Brasília e lançou o documento ‘O futuro do agro’. O próprio nome agronegócio está sendo rejeitado em função dos efeitos e dos seus impactos negativos que foram ocultados por eles próprios, mas que movimentos como esse do Atlas começaram a mostrar os efeitos desse modelo para o conjunto da sociedade”.

Maureen Santos foi questionada a respeito da influência do agronegócio sobre os três poderes. Na última segunda-feira (3), o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), Kássio Marques, liberou a utilização do glifosato e de outros agrotóxicos nas plantações brasileiras. Ela citou o lobby recente no Congresso para aprovar o “Pacote do Veneno”.

“A gente sabe que esse setor é extremamente poderoso e que tem sua teia de relações de poder que perpassa não só o Legislativo, como foi falado em relação à bancada ruralista, como o Executivo e o Judiciário. É um desequilíbrio de poder muito grande sobre a sociedade brasileira, e a gente viu isso com a PEC do Veneno”.

O Atlas do Agronegócio está disponível para download no site da Fundação Heinrich Böll.

Edição: Mariana Pitasse