Milhares de pessoas lotaram a Praça da Cinelândia, no centro do Rio, durante a tarde da última segunda-feira (3) em defesa do Museu Nacional e toda sua importância para a história e pesquisa no país. O ato foi uma resposta da população ao incêndio que consumiu grande parte do acervo de 20 milhões de peças na noite de domingo (2).
Militantes, estudantes, parlamentares, professores, funcionários de diversas universidades e pessoas que se solidarizaram com a perda irreparável na tragédia pediram pela revogação da Emenda Constitucional 95, que incide sobre o teto de gastos do governo federal, apontada como grande entrave para o progresso da ciência, cultura e educação no país - e uma das causa do aprofundamento da situação de sucateamento que o Museu já enfrentava há muitos anos.
Mauro Chagas, diretor do Museu da República, esteve presente e denunciou que a situação do Museu é mais comum do que se pensa. “Os museus brasileiros como um todo passam por problemas graves na questão de segurança como um todo e especialmente na ameaça de incêndios - especialmente os federais”, disse Chagas. “É um problema de investimento, precisamos investir especificamente nessas questões”, acrescentou.
Maria Malta, pró-reitora de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esteve no ato e chamou os manifestantes em defesa da UFRJ e de todas as instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão. ”Estamos convencidos de que esse fato trágico faz parte de um projeto de transformar em cinzas a educação e tudo que é público no país”, disse.
Ela também explicou como a instituição tem lidado com toda a situação. “Estamos atuando em três frentes nesse momento: uma imediata a fim de garantir as condições e a continuidade das atividades de todos que trabalhavam dentro das paredes do Museu Nacional. A frente de longo prazo de reconstrução do Museu, com todo cuidado da reparação de um prédio histórico, e do acervo que for possível. Por fim, manter a mobilização pelos recursos”, explicou a professora do Instituto de Economia.
Em pelo menos dois momentos aconteceram tumultos gerados pela presença de um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) que foi até a coordenação do ato e agrediu verbalmente as coordenadoras do protesto.
O ato, que terminou no início da noite, contou com a participação de cerca de 30 mil pessoas e caminhou até a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Edição: Jaqueline Deister