Rio de Janeiro

ARTE

Sala de cinema com preço popular completa 50 anos em Niterói (RJ)

Cine Arte UFF comemora aniversário com programação especial durante o mês de setembro

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Em plena ditadura civil-militar, o Cine Arte começou a construir a sua história que logo foi interrompida com o recrudescimento do regime
Em plena ditadura civil-militar, o Cine Arte começou a construir a sua história que logo foi interrompida com o recrudescimento do regime - foto: divulgação

Já imaginou poder ir ao cinema por R$ 4 em uma das melhores salas de exibição do país? Assistir filmes brasileiros, europeus e latino-americanos que normalmente não chegam aos grandes circuitos? Os moradores da cidade de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, que apreciam a sétima arte e conhecem o Cine Arte UFF podem responder muito bem a estas perguntas. 

Thamires Bastos é designer e frequentadora do espaço cultural da Universidade Federal Fluminense (UFF), localizado na paia de Icaraí. Para ela, o diferencial do cinema está na programação e no preço acessível oferecido para a população. 

“Ele traz uma programação de qualidade porque não traz apenas os filmes dos principais cinemas, o Cine Arte UFF exibe os filmes que não encontramos com facilidade e são também premiados, como documentários e curtas. Isso fortalece a cultura dentro da cidade, além de ser um cinema com um preço baixo permitindo que mais pessoas participem deste espaço cultural”, ressalta. 

50 anos de história 

A relação entre o Cine Arte UFF e a população de Niterói vai completar 50 anos no mês de setembro. A abertura do evento comemorativo começa na quarta-feira (5) com uma homenagem ao cineasta Nelson Pereira dos Santos (1928 -2018) que junto com outros amantes da sétima arte fundou, em 1968, a sala de exibição que deu início a uma programação independente e temática que incluía a realização de seminários e debates.  

Em plena ditadura civil-militar, o Cine Arte começou a construir a sua história. Porém, por conta do regime, o cinema perdeu sua característica de programação proposta inicialmente para o espaço, de um cinema mais político e interligado com outras atividades. Em 1982, quando o Brasil já caminhava na redemocratização, o cinema retomou as atividades críticas com o professor do curso de Cinema da UFF João Luiz Vieira e seus alunos.  

Democratização nas telas 

O programador do Cine Arte UFF, Paulo Máttar, há mais de 30 anos é o responsável pelo o que é exibido na sala de cinema. Ele explica que a reforma que começou em 2010 e terminou em 2014 foi fundamental para a melhoria técnica do espaço. Máttar conta ainda que o Cine Arte integra festivais internacionais e tem se firmado com um local de valorização do cinema independente. 

“Fazemos parceria com diversos festivais que acabam trazendo parte da programação para cá. Integramos o Varilux que é um festival de cinema bem grande. Neste ano tivemos o terceiro maior público entre os cinemas de todo o Brasil. Ele é um cinema mais eclético, mas com uma prioridade para o cinema independente e brasileiro”, afirma. 

Além da preocupação em abrir espaço para filmes que ficam de fora dos grandes circuitos de exibição, o cinema da UFF conta com uma política de preços diferenciada que busca democratizar o acesso à cultura. 

“Por ser um cinema de um órgão federal sempre foi proposta termos um preço bem mais acessível. Na medida que o cinema foi ficando muito caro o Cine Arte UFF ficou marcado como um cinema de fácil acesso. E além de ter um ingresso bem mais barato, às segundas-feiras o ingresso é R$ 4 para qualquer pessoa”, explica Máttar. 

Toda a programação do Cine Arte UFF, incluindo o evento especial de 50 anos do cinema, pode ser consultada pelo site www.centrodeartes.uff.br . 

Edição: Mariana Pitasse