Fernando Haddad foi definido como o candidato a vice na chapa à presidência encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PT anunciou a decisão na noite deste domingo (5), após reunião da Executiva Nacional do partido, em São Paulo (SP). Na mesma noite, dirigentes do PT e do PCdoB se reuniram para definir a formação de uma coligação entre os partidos.
Em coletiva de imprensa após a definição, a presidenta do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, afirmou que "a tradição do PT sempre foi a de disputar eleições em coligações". A parlamentar relatou que partiu do próprio Lula o convite para que Manuela integrasse a chapa.
"Nós entendemos que a candidatura de Manuela D’Ávila cumpriu um papel importantíssimo nessa unidade que estamos tendo para dar sustentação à candidatura de Lula. Ou seja, a formação de um campo progressista e popular para voltar a governar o país", reforçou a petista, lembrando que o perfil jovem e de uma mulher fortalece a chapa.
A decisão pelo nome de Haddad como candidato a vice-presidente é “para fazer a representação de Lula durante esse processo, até tão logo se estabilize juridicamente a sua situação”, salientou a senadora. Gleisi informou que "Haddad e Manuela já vão sair numa agenda firme e forte pelo país, defendendo um programa de governo progressista e popular", e que estarão juntos e "hermanados" na coligação PT, PCdoB, PROS e PCO.
Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB, afirmou a importância da unidade ampla da esquerda neste momento. "É necessário que a gente interrompa essa agenda antipovo e antinacional que está sendo imposta ao povo brasileiro por meio de um golpe de Estado. Nesse sentido, as eleições ganham uma dimensão extraordinária. É nesse embate das eleições que está a oportunidade de retomarmos um projeto nacional e popular para o Brasil", pontuou.
"Por uma circunstância objetiva, até que se defina as pendências legais desse processo, Fernando Haddad é o porta-voz da candidatura do presidente Lula e, junto com Manuela D'Ávila, vai percorrer esse país, debatendo ideias e fazendo com que, nessa relação que temos com o PT de 30 anos, o PCdoB vá ocupar a vice-presidência na chapa; e, para nós, nos honra muito. E vamos vencer as eleições pela quinta vez consecutiva", finalizou Luciana.
O candidato a vice-presidente pelo PT, Fernando Haddad, fez elogios ao papel que Manuela D’Ávila vem desempenhando em sua pré-campanha junto aos setores progressistas e de resistência, além de ressaltar a liderança que Lula desempenha para a esquerda.
“Tenho certeza que apesar de todo o constrangimento e perseguição que sofre, o presidente Lula só cresce em entusiasmo e determinação, e vontade de governar e resgatar a dignidade das pessoas, para que as pessoas tenham esperança de novo no Brasil. E estamos anunciando ao país uma grande aliança rumo a esse resgate”, declarou.
Haddad reforçou ainda que este momento será o de compatibilizar os programas de governo dos partidos e "rodar o país levando a voz de Lula".
O primeiro anúncio foi feito por meio das contas oficiais de Lula nas redes sociais. "Vamos com Lula e Fernando Haddad. Pra fazer #OBrasilFelizDeNovo!".
Lula enviou, neste domingo, uma carta à Executiva Nacional do PT indicando o nome de Haddad para ser o candidato a vice na chapa do partido. O nome de Manuela D’Ávila (PCdoB) também foi cogitado para o cargo pelo ex-presidente, que deixou a decisão para os membros da Executiva.
Este domingo (5) foi definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como o prazo máximo para que os partidos indicassem seus candidatos a presidente e a vice nestas eleições.
Ainda que as definições partidárias devam ocorrer até esse prazo, a resolução do TSE sobre o calendário eleitoral indica que os nomes podem ser apresentados ao tribunal até segunda-feira (6), com base na regra que determina a entrega da ata até 24 horas após a decisão.
Antes do TSE confirmar à imprensa este entendimento na resolução deste ano, o PT trabalhava com a proposta de indicação de vice no dia 14 de agosto, véspera do registro eleitoral. Na coletiva desde domingo (5), Gleisi reforçou a crítica em relação à decisão do TSE em firmar para o dia 5 a definição das chapas. "Nós lamentamos profundamente a intervenção da justiça eleitoral na decisão dos partidos".
Até o dia 15 de agosto, todos terão de apresentar ao tribunal os registros das candidaturas. Contudo, a lei eleitoral permite substituir candidatos até 17 de setembro.
Perfil
Fernando Haddad assumiu a coordenação do programa de governo do PT à presidência, que foi apresentado na última sexta-feira (3). Ex-prefeito da cidade de São Paulo, Haddad já ocupou o cargo de ministro da Educação nos governos de Lula e de Dilma Rousseff, além de ter sido subsecretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico da capital paulista e assessor especial do Ministério do Planejamento e Finanças, todos em mandatos petistas. Formado em Direito e doutor em Filosofia pela USP, foi professor da mesma instituição.
Convenção
Na Convenção Nacional do PT, realizada nesse sábado (4), havia a expectativa de que o nome do vice fosse anunciado. No entanto, o encontro do partido somente referendou a candidatura de Lula à presidência.
Na ocasião, o anúncio foi feito pela presidenta da sigla, Gleisi Hoffmann.“Essa é a ação mais confrontadora que fazemos contra esse sistema podre por parte da Justiça, que não faz outra coisa senão perseguir Lula”, destacou a parlamentar. Ela reiterou que o partido pretende registrar a candidatura de Lula no TSE no dia 15 de agosto, em meio a uma grande mobilização popular.
Em aberto
A escolha do vice ganha fundamental importância na chapa de Lula, pois há o risco de o petista ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, devido à condenação em segunda instância no marco da Operação Lava Jato, que é denunciada por partidos, movimentos populares e políticos de todo o mundo como tendo um caráter de perseguição política em relação ao ex-presidente.
Caso o impedimento de Lula de candidatar-se venha a ocorrer, uma nova chapa poderia ser indicada. O vice poderia ser também substituído até 17 de setembro (mesma data do limite de julgamento de impugnação de candidatura). Poderiam ser indicados membros das siglas que compõem a coligação partidária.
Outras chapas
Ciro Gomes, do PDT, teve o lançamento oficial de sua candidatura a presidente no dia 20 de julho. No entanto, a definição do nome à Vice-Presidência só foi feita neste domingo (5), após naufragarem as tentativas de coligação (somente o Avante está com a sigla nesta eleição). A escolhida foi a senadora Kátia Abreu, ruralista que integrava o MDB e, desde abril, é filiada ao PDT. O anúncio oficial da vice será feito nesta segunda-feira (6), na sede nacional do partido, em Brasília.
Pelo PSOL, Guilherme Boulos, membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), é o candidato à presidência da República. O lançamento oficial ocorreu em 21 de julho. Ele tem como vice Sônia Guajajara, a primeira indígena a compor uma chapa para a disputa presidencial.
O PSTU, o primeiro a realizar a convenção partidária que oficializou a candidatura, lança a sindicalista Vera Lúcia à presidência, e seu correligionário Hertz Dias como vice.
Novamente candidato a presidente da República, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin representa o PSDB na corrida eleitoral deste ano. A convenção do partido, realizada nesse sábado (4), oficializou sua candidatura à presidência, bem como a de sua vice, a senadora Ana Amélia (PP-RS). Os tucanos contam como uma coligação de apoio formada por oito partidos.
Com o apoio de Michel Temer, o economista Henrique Meirelles obteve a posição favorável da maioria dos delegados da Convenção Nacional do MDB, realizada na última quinta-feira (2), em Brasília, e é o candidato da agremiação à presidência. A definição do vice também ficou para este domingo (5), com a indicação de Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul e da mesma sigla. Pela primeira vez desde 1994, o MDB terá candidatura própria ao Planalto.
O militar da reserva e deputado federal Jair Bolsonaro é candidato pelo PSL. Conhecido por suas posições de extrema-direita, ele terá como vice o general da reserva do Exército Antônio Hamilton Martins Mourão (PRTB). O nome de Bolsonaro para encabeçar a chapa foi definido em convenção de seu partido no dia 22 de julho, já Mourão, tido como sua 4ª opção, foi anunciado neste domingo (5).
Pela terceira vez na disputa presidencial, a ex-ministra e ex-senadora Marina Silva é a candidata da Rede para a presidência, tendo como vice na chapa Eduardo Jorge, do PV, ex-sigla de Marina. A aliança entre as legendas foi acertada na última quinta-feira (2), mas a Convenção Nacional da Rede, que oficializou o nome de Marina, ocorreu nesse sábado (4).
O PPL lançou, neste domingo (5), João Goulart Filho como candidato a presidente. A convenção do partido definiu como candidato a vice o professor da Universidade Católica de Brasília, Léo Alves.
Também no sábado, o senador e ex-governador do Paraná Alvaro Dias teve seu nome oficializado como candidato à presidência pelo Podemos. O ruralista tem como vice o ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro (PSC).
Cabo Daciolo é o candidato do Patriota a presidente, sendo Suelene Balduino Nascimento, do mesmo partido, sua vice. A Convenção Nacional que oficializou a chapa ocorreu nesse sábado (4), no interior de São Paulo.
Ambos pelo Novo, João Amoêdo é candidato à presidência e Christian Lohbauer seu vice. Em Convenção Nacional do partido, realizada em São Paulo nesse sábado (4), seus nomes foram oficializados.
A votação em primeiro turno das eleições deste ano ocorre no dia 7 de outubro. Já o segundo turno, em 28 do mesmo mês.
*Matéria atualizada às 00:54 para acréscimo de informação da coletiva de imprensa.
Edição: Vivian Fernandes